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Capital

Juiz bloqueia R$ 86 mil para garantir tratamento a jovem com esclerose

Rapaz precisa receber esse mês medicamento; Estado não entregou doses prometidas

Por Maristela Brunetto | 23/01/2024 12:29
Kléber precisa de medicação de alto custo para barrar o avanço da esclerose; dose está atrasada (Foto: Henrique Kawaminami)
Kléber precisa de medicação de alto custo para barrar o avanço da esclerose; dose está atrasada (Foto: Henrique Kawaminami)

O juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, Cláudio Muller Pareja, determinou o bloqueio de R$ 85,6 mil das contas do Governo do Estado para assegurar o fornecimento de um remédio de alto custo para a continuidade do tratamento de um jovem que sofre de esclerose múltipla progressiva. O bloqueio foi a alternativa diante da falta de informações sobre a liberação das doses, para as aplicações que deveriam ser continuadas no dia 20 deste mês.

Kléber Rogério de Souza Silva, de 27 anos, passou a receber o medicamento Ocrelizumabe, que não está na lista do SUS (Sistema Único de Saúde), em julho do ano passado, após ser definido em juízo que a Prefeitura da Capital forneceria doses para o primeiro semestre de tratamento, que foi até dezembro, e em janeiro elas seriam fornecidas pelo Estado. A medicação é aplicada na veia, misturada com soro, em duas doses a cada semestre, no Hospital Universitário de Campo Grande, em procedimento que demora cerca de cinco horas.

Diante da falta de informações sobre a liberação, a advogada Ludmila Ferraz pediu o bloqueio do valor. Com a decisão, do final da semana passada, há corrida contra o tempo para encontrar o medicamento, que não é vendido em farmácias, por ser de aplicação reservada aos serviços de saúde. Ela teme que o trâmite demore e haja avanço da doença.

Kléber também sente essa angústia. Ele conta que começou a sentir sinais diferentes no organismo, primeiro com a visão turva, em um episódio em 2017; em 2019 sentiu um choque na coluna. Até chegar ao diagnóstico, passou por vários especialistas. Hoje, a fraqueza nas pernas força o rapaz a utilizar muleta para caminhar.

No início do tratamento, ele era medicado com natalizumabe, utilizando mais de 20 doses. Acontece que um vírus que em outras pessoas não causaria problemas, chamado John Cunningham, para quem tem esclerose e usa essa medicação, os efeitos colaterais são severos. Kléber relata falta de força nas pernas, muito cansaço.

A advogada Ludmila, que se especializou m ações na área da saúde, conta que a continuidade daquela medicação poderia causar a progressão da doença, com risco de paralisia ou até mesmo morte.

Conviver com tamanhos desafios tem custo emocional elevado para Kléber. Ele revela episódios de depressão, variação do humor. O rapaz já foi praticante de trilhas, viajava. Hoje, reconhece a dificuldade de praticar atividades físicas e até mesmo fisioterapia. Ele conta com os serviços oferecidos pelo SUS.

Kléber lembra que trabalhava antes do avanço da doença. Hoje, ele recebe o BPC, benefício da prestação continuada, um salário mínimo liberado pelo INSS. Além do medicamento de alto custo, ele toma também vitamina D em altas doses, que demonstrou eficácia para pacientes com esclerose.

Esperançoso, Kléber disse que estava contando sua história à reportagem na expectativa de o poder público garantir sua medicação. “É a ponte para eu não ter surtos e estabilizar a doença”, explicou.

A Secretaria de Saúde do Estado foi procurada, mas não informou porque o medicamento não foi fornecido. Sendo repassados esclarecimentos, serão incluídos na reportagem.

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