Justiça quer usar US$ 2,4 milhões para construir delegacia na fronteira
Delegacia da Polícia Federal será construída em Ponta Porã (distante 323 km de Campo Grande) com os US$ 2,4 milhões apreendidos em poder do casal Alexandro Benevides, 42, e Eliete Felisbino Benevides, 45, na noite de sábado (8), num ônibus da Viação Andorinha, em Corumbá. A informação é do juiz federal Odilon de Oliveira.
De acordo com Odilon, na tarde dessa terça-feira (12), às 13h15, foi realizada videoconferência para audiência de custódia dos presos na sala de audiências da 3ª Vara Federal em Campo Grande, no Parque dos Poderes. O casal foi solto após permanecer quatro dias na cadeia, sob a condição de entregar a quantia sem precisar revelar a origem do dinheiro.
Durante a audiência, o juiz fez questionamentos a Alexandro e Eliete a respeito da qualificação, renda mensal, se no momento da prisão lhes foi informado a respeito do direito de permanecerem calados, se tinham filhos e também se eram portadores de doenças graves, transtornos mentais ou dependências químicas. Toda a conversa foi gravada em sistema audiovisual de videoconferência.
O MPF (Ministério Público Federal) propôs a seguinte transação penal para suspender o processo por dois anos: perda, em favor da União, da quantia excedente ao correspondente a R$ 10.000,00; perda das prestações já pagas, relativas ao veículo Toyota Corolla, placa EES-8376, ano 2009, registrado em nome de Alexandro Benevides, alienado em favor do Banco Santander, agência da capital de São Paulo; imposição de o casal não se ausentar da Comarca de São Paulo por mais de oito dias, sem prévia autorização judicial; não delinquir, com denúncia recebida, durante o prazo da suspensão; não ingressar na faixa de fronteira durante o período da suspensão, assim compreendida a base territorial de 150 quilômetros de largura, a partir da linha seca, salvo com autorização judicial, e apresentação, de três em três meses, à vara federal da subseção judiciária da residência dos denunciados, para justificação de suas atividades.
Conforme o MPF, em caso de descumprimento de qualquer uma dessas condições, a transação penal será revogada. Os acusados confessaram morar no bairro Parque das Nações, em Guarulhos (SP).
Por conta disso, o juiz Odilon já informou à Vara Federal de Guarulhos sobre o que ficou decidido na audiência de custódia. Os dólares, equivalentes a R$ 8 milhões de reais, foram entregues à Justiça pelo casal, para depósito em agência da CEF (Caixa Econômica Federal) da Justiça Federal.
Odilon e o procurador da República Sílvio Pettengil Neto participaram da teleconferência em Campo Grande. Maria Auxiliadora Cestari Baruki Neves, advogada dos presos, acompanhou em Corumbá juntamente com os clientes.
Pouso – Nessa terça-feira (12), aeronave Grand Caravan da Polícia Federal, carregada com os dólares, pousou no Aeroporto Internacional de Campo Grande, quando um dos pneus furou. Escolta policial da PF garantiu o transporte dos milhões para local seguro, não informado pela Superintendência.
Por cerca de duas horas a pista do aeroporto ficou interditada, sendo liberada às 15h35. Avião da TAM, que aterrissaria em Campo Grande, teve de se deslocar para Cuiabá (MT), de acordo com a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).
No entanto, a aeronave deve sair hoje à noite do local, quando chegar peça para conserto do pneu.
Prisão - Alexandro Benevides e Eliete Benevides foram flagrados transportando os U$ 2,4 milhões dentro de um ônibus da Viação Andorinha com destino a Corumbá. O casal relatou que foi contratado para levar a quantia até a rodoviária da cidade sul-mato-grossense, onde a entregaria a um desconhecido, que os reconheceria pelas roupas que estavam usando.
Segundo o DOF (Departamento de Operações de Fronteira), o casal informou que uma mulher os contratou para fazer a viagem. Os maços de dólares, camuflados como presentes, foram encontrados sob os bancos do casal e no bagageiro do veículo.