Ladeado por luxo e shopping, parque segue para 8º ano de portão fechado
Ladeado por condomínio de luxo e shopping, o parque municipal Cônsul Assaf Trad caminha para o oitavo ano de portões fechados em Campo Grande. A saga do local, inaugurado em 13 de dezembro de 2008 e que funcionou para o público em geral por curto espaço de tempo, é acompanhada pelo Campo Grande News.
Apesar de promessas do poder público e investigações do MPE (Ministério Público do Estado), pouco mudou no último ano. Em janeiro de 2015, o cenário era do portão fechado com cadeado, mas com passagem permitida por uma fresta. Em janeiro deste ano, o quadro segue o mesmo, com o único diferencial que uma lixeira, antes escorada nas “vizinhas”, agora está no chão.
A realidade contrasta com o planos promissores da inauguração. Com 25 hectares, a área verde seria o quarto maior parque de Campo Grande e nova opção de lazer para 12 bairros na região Norte. O local conta com lago, trilhas, pista de caminhada e parque infantil.
Em janeiro do ano passado, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que a abertura para o público em geral dependia de infraestrutura, como banheiros, lixeiras de reciclável e um planejamento adequado para uso populacional.
Na ocasião, a administração municipal ainda informou que o parque funciona há quatro anos com projetos e pequenas visitações de grupos direcionados. O local é considerado APA (Área de Preservação Ambiental). Nesta semana, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que não há previsão de abertura para o público em geral.
Também há um ano, o Ministério Público abriu inquérito civil para para apurar “a regularidade da implantação e o efetivo funcionamento do Parque Cônsul Assaf Trad, localizado na Avenida Cônsul Assaf Trad, esquina com a Avenida Abadia de Oliveira Lima, no Bairro Novos Estados, nesta capital, assim como a sua abertura à população”.
No mês de abril, o local chegou a ser vistoriado pela pela promotora Andréia Cristina Peres da Silva, titular da 42ª Promotoria de Justiça.
De acordo com o Ministério Público, cabe à Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) a limpeza e manutenção das trilhas e abrir o parque para a população. Conforme a assessoria de imprensa do MPE, o inquérito civil está concluso para despacho. A promotora retorna de férias na segunda-feira e fará análise dos documentos. Dentre as medidas, ela pode fazer de recomendação à ação na Justiça.
De acordo com o major da PMA (Polícia Militar Ambiental) e biólogo Ednilson Queiroz, uma reunião em fevereiro vai voltar a discutir a situação do parque. Segundo ele, uma das possibilidade é recuar a cerca, fazer área de estacionamento para os veículos e pistas de skate. Da nova cerca para dentro, o local deve ter banheiros, reformas da pista e guardas municipais. O parque recebe atividades do projeto Florestinha, voltado para as crianças e realizado pela PMA.
Além do uso para o lazer, o parque pode auxilar na drenagem da região. A vegetação no terreno marcado pelo grande processo de erosão traz como benefício mais área disponível para infiltração da chuva, reduzindo o volume de água que hoje vira alagamento na avenida Cônsul Assaf Trad e entorno.
Na saída para Cuiabá, o parque foi uma contrapartida do residencial de luxo Alphaville. A recuperação do processo erosivo custou R$ 5 milhões.
Série - O Campo Grande News percorrerá os principais parques da cidade, mostrando a situação em que se encontram, suas principais características, qualidades e problemas.
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