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Capital

Lixo acumulado nas ruas contribui com proliferação de moscas varejeiras

Flávia Lima e Juliana Brum | 20/10/2015 15:56
Para evitar presença de insetos, algumas pessoas jogam o lixo em terrenos baldios, longe de casa. (Foto:Fernando Antunes)
Para evitar presença de insetos, algumas pessoas jogam o lixo em terrenos baldios, longe de casa. (Foto:Fernando Antunes)
Moscas se proliferam com a sujeira acumulada nas ruas da Capital (Foto: Fernando Antunes)
Moscas se proliferam com a sujeira acumulada nas ruas da Capital (Foto: Fernando Antunes)
Caixas e sacos de lixo espalhados em rua do Bairro Vilas Boas contribui com a proliferação de insetos. (Foto:Lucimar Couto)
Caixas e sacos de lixo espalhados em rua do Bairro Vilas Boas contribui com a proliferação de insetos. (Foto:Lucimar Couto)

A suspensão dos serviços de coleta de lixo na Capital está ocasionando o retorno de um problema já vivenciado pela população no mês passado, durante a greve dos garis e motoristas da Solurb: a proliferação de pragas urbanas.

Ocorre que nesta segunda paralisação o problema vem se ampliando a cada dia devido ao calor, diferente de setembro, que choveu por vários dias durante a greve, dessa vez as altas temperaturas tem estimulado o surgimento de insetos, especialmente as moscas varejeiras, responsáveis pela transmissão de doenças que vão desde infecções urinárias, diarreia, e em casos extremos, a tuberculose, que apesar de ser provocada por um vírus, pode ser transmitida também pelas moscas, segundo relato de cientistas.

Há estudos que comprovam que cerca de 30% dos microrganismos encontrados em moscas varejeiras são capazes de causar doenças em seres humanos. Entre essas bactérias está, inclusive, a causadora da peste bubônica.

Todas essas doenças são transmitidas devido ao hábito de colocar os ovos em locais sujos e depois pousar em alimentos que não tenham sido guardados

Ainda segundo as pesquisas, o número de bactérias encontradas nas moscas de ambientes urbanos foi muito maior que nas espécies menos encontradas na cidade devido ao acúmulo de lixo e matéria orgânica em decomposição.

De acordo com o coordenador estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário, as moscas são consideradas pragas urbanas que encontram no acúmulo de lixo, o ambiente propício para sua proliferação.

Como a quantidade de dejetos espalhados na rua é grande, Mauro ressalta que não adianta dedetizar ou utilizar venenos para insetos em casa. “Enquanto você controla dez moscas, tem mais um milhão procriando na rua”, diz.

É o que vem acontecendo em diversos bairros da Capital, principalmente os localizados fora do perímetro central, onde a coleta vinha ocorrendo, mesmo de forma precária, até a semana passada.

Nesta terça-feira (20), o Campo Grande News flagrou dezenas de sacos e objetos contendo matéria orgânica, espalhados ao longo de quarteirões dos bairros Tiradentes e Vilas Boas.

Todo esse material acumulado tem levado para as residências insetos, que até o início da paralisação da coleta, nunca haviam aparecido com grande frequência. Mas a principal reclamação dos moradores é quanto o surgimento das moscas.

“Minha casa está cheia de mosquitos, inclusive à noite. Mal conseguimos dormir”, reclama a dona de casa Maria Helena Soares Espezia, moradora no condomínio Ciudad del Vigo, no Bairro Tiradentes.

Ela explica que devido ao calor não está conseguindo armazenar o lixo dentro de casa, porém as moscas varejeiras invadem o apartamento mesmo com os cuidados de higiene tomados pela dona de casa. “Até gambá já apareceu aqui”, diz.

Segundo Mauro Lúcio, as moscas se reproduzem com velocidade devido às altas temperaturas, que aceleram a decomposição dos restos orgânicos jogados na rua, por isso, mesmo realizando a limpeza, o ambiente não está livre da invasão.

No apartamento do síndico do residencial a situação é a mesma. João Rodrigues da Silva conta que esta semana já gastou R$ 500,00 para uma empresa de containers recolher o lixo do prédio e lavar para o aterro sanitário. “O problema é que uso o dinheiro que estávamos guardando para executar melhorias no residencial”, explica.

Mesmo bem acondicionado, lixo acaba sendo espalhado por moradores de rua. (Foto:Lucimar Couto)
Mesmo bem acondicionado, lixo acaba sendo espalhado por moradores de rua. (Foto:Lucimar Couto)

Dengue – O coordenador estadual de vetores, Mauro Lúcio Rosa vai além das doenças transmitidas pelas moscas e lembra que a maior preocupação dos profissionais de saúde é quanto a iminência de uma nova epidemia de dengue e até leishmaniose, caso a coleta não seja retomada com urgência.

Ele explica que o acúmulo de resíduos sólidos contribuem na proliferação do aedes aegypti, transmissor da dengue. Isso sem contar na quantidade de embalagens que acumulam água e que estão sendo jogadas no meio ambiente.

“Para se desfazer desse lixo a população prefere jogá-lo em outros ambientes, como córrego e terrenos baldios. Na verdade estão apenas transferindo o problema de lugar”, alerta.

Para amenizar o problema, ele diz que a única solução é embalar o lixo em acomodações resistentes e deixá-lo no quintal. “É um sacrifício que devemos ter nesse momento de emergência, se não quisermos sofrer com essas doenças no próximo ano”, afirma.

Quanto aos resíduos orgânicos, o receio é com a proliferação do flebótomo causador da leishmaniose. “N verdade o lixo atrai todo tipo de animal peçonhento, incluindo roedores. O que dificulta a organização na calçada é que animais e moradores de rua acabam abrindo os sacos e espalhando essas embalagens, mas a melhor solução ainda é o armazenamento dentro de casa”, conclui.

Maria reclama da presença de insetos até à noite (Foto: Fernando Antunes)
Maria reclama da presença de insetos até à noite (Foto: Fernando Antunes)
Síndico João Rodrigues da Silva diz que condomínio não tem condições de pagar coleta particular toda semana. (Foto:Fernando Antunes)
Síndico João Rodrigues da Silva diz que condomínio não tem condições de pagar coleta particular toda semana. (Foto:Fernando Antunes)
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