Loucos por corridas e som automotivo pedem espaço para curtir velocidade

Promotores de eventos e entusiastas de “rachas” defenderam a criação de um espaço dedicado a encontros de motos, carros e som automotivo na Capital, durante audiência pública realizada nesta segunda-feira (11), na Câmara de Vereadores.

A audiência foi convocada pela Comissão Permanente de Cultura da Câmara de Vereadores, composta pelos vereadores Ronilço Guerreiro (presidente), Júnior Coringa (vice), Beto Avelar, Professor Juari e Gilmar da Cruz.

O Projeto de Lei 11.024/23, de autoria do vereador Ademar Vieira Júnior, o Júnior Coringa (PSD), que autoriza o Poder Executivo a construir esse espaço, está atualmente em tramitação na Câmara Municipal.

Na justificativa do projeto, o vereador destaca a importância de proporcionar um local adequado para essas atividades, que frequentemente são alvo de queixas da população quando realizadas em locais impróprios. O projeto também ressalta os riscos associados à falta de um espaço adequado para os praticantes dessas modalidades.

“Nós temos muitos apaixonados pelo som automotivo, manobras de moto e carros antigos. Em qualquer evento que seja para esse público, reúne mais de 15 mil pessoas. A ideia é que Campo Grande seja a primeira capital do Centro-Oeste a ter esse espaço”, explica o vereador Coringa.

Ao Campo Grande News, o vereador Júnior Coringa também mencionou que existem vários locais em Campo Grande que poderiam ser adaptados para essa finalidade, desde que estejam um pouco afastados do perímetro urbano.

“Nós temos em Campo Grande vários locais que podem funcionar, porque são um pouco distantes do perímetro urbano. A gente vai discutir hoje, com as pessoas que gostam da ideia, e ouvir quem também não gosta. A ideia é tirar essa gurizada da Afonso Pena e dos bairros, e levar para um local só”, explica o vereador.

Júnior Coringa também enfatizou a importância de sensibilizar o poder público para a criação desse espaço e sugeriu a possibilidade de parcerias público-privadas para viabilizar o projeto. “Nós vamos levar essa comissão, que será organizada hoje, para o Governo do Estado e para a Prefeitura. Vamos levar para os dois governos executivos e ver quem vai comprar essa ideia nossa”.

De acordo com o vereador, ainda não há um espaço definido, uma vez que precisa ser realizado um estudo junto à Prefeitura. “Ainda não temos o local, porque precisamos conversar com a Semadur, para verificar quais áreas estão abertas e possam ser ocupadas. Existem vários espaços em Campo Grande que podem ser adaptados para essa prática, que hoje gera renda e emprego”.

Ele explica que o Autódromo Internacional Orlando Moura, localizado na BR-262, na saída para Três Lagoas, também é uma opção a ser estudada pela futura comissão. “O próprio autódromo poderia ser uma área, mas desde que o município tivesse um acordo com o proprietário e negociasse umas datas específicas. O autódromo é utilizado uma vez por ano. O resto do ano o espaço fica ocioso”, comenta Júnior Coringa.

Ao final da audiência pública, uma comissão composta por um representante de cada segmento envolvido foi formada para discutir a criação do espaço em Campo Grande.

Segurança - Um dos principais pontos destacados na audiência pública são os riscos das disputas automotivas em áreas movimentadas da cidade, como ocorre na Avenida Afonso Pena durante os finais de semana.

Para o empresário do ramo automotivo e organizador de eventos Alessandro Campos, conhecido no ramo como "Gargamel," existe uma urgência na criação desse espaço. "Eu acho que já passou da hora. Estão esperando mais acidentes para ceder o espaço? Hoje os encontros estão concentrados, no final do Afonso Pena ou nas BRs, onde não tem segurança".

Entusiasta de corridas e som automotivo, Alessandro explicou que organiza eventos do ramo. Ele também mencionou o Terminal Intermodal de Cargas - Porto Seco, no Jardim Los Angeles, como um exemplo de local que atendeu bem a essa população durante eventos realizados lá.

“A PRF e a Polícia Militar pararam lá e me deram os parabéns, porque naquele dia do evento, não tinha ninguém nas BRs e na Afonso Pena. Provei que eu e vários outros promotores conseguimos tirar os meninos da rua e colocar em um espaço fechado, com segurança, com ambulância e todo o necessário”, explica Alessandro.

Exemplo positivo - A cidade de São Gabriel do Oeste, a 140 km da Capital, foi um dos exemplos citados na audiência. De acordo com o empresário do ramo automotivo de São Gabriel do Oeste, André Guedes, há dois anos, o município criou um espaço dedicado aos apaixonados por carros de som e corridas.

Segundo André, a criação do espaço ajudou a coibir a prática de “rachas” no perímetro urbano da cidade. “Criar um espaço é tirar o pessoal das ruas. Porque é todo mundo cadastrado, então se a pessoa é pega empinando moto no meio da rua, ele é punido, ficando um tempo sem entrar na pista de manobras. Isso coíbe a prática nas ruas”.

André também enfatizou que a criação de um local apropriado para essas atividades teve um positivo até mesmo para quem não gosta de corridas. “Para a nossa cidade foi uma coisa muito boa. Como é um lugar do interior, o povo nunca gostou muito. Só que com um lugar específico virou um sossego para os vizinhos e para quem gosta do ramo”.

Ramo em crescimento - Atualmente, São Gabriel do Oeste reúne muitos entusiastas de som automotivo. De acordo com André, os eventos têm reunido participantes de outras cidades, como Dourados e Campo Grande.

Segundo André, os eventos englobam tanto donos de carros automotivos como proprietários de motocicletas e carros rebaixados. “Quando nós fazemos eventos automotivos, vão tanto os carros quanto as motos. Cada um tem o seu tempo de usar. Fica todo mundo em volta, acompanhando, filmando, mas cada um tem seu tempo”.

Além disso, a cidade é conhecida por ter participantes de eventos internacionais, como o MTM World. “Lá nós temos a camionete FMil Beats que foi quatro vezes campeã mundial em sua categoria”.

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