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Capital

Mãe protesta para pedir reabertura de inquérito sobre morte de filha e neto

Manifestação silenciosa em frente à Depac do Centro foi organizada por grupo de mulheres

Por Anahi Zurutuza e Natália Olliver | 13/08/2024 10:05
Valquíria Feitosa Patrício Gomes, 31 anos, que foi encontrada morte ao lado do filho, João Roberto, de 2 anos (Foto: Facebook/Reprodução)
Valquíria Feitosa Patrício Gomes, 31 anos, que foi encontrada morte ao lado do filho, João Roberto, de 2 anos (Foto: Facebook/Reprodução)

Inconformada com o resultado de investigação sobre morte da médica Valquíria Feitosa Patrício Gomes, 31 anos, e do filho dela, João Roberto, de 2 anos, em 2016, e cansada de esperar as autoridades, a mãe, Seila Aparecida Feitosa, reuniu grupo de 11 mulheres e foi para a frente da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), no Centro de Campo Grande, protestar.

Quase 8 anos após a morte e passados 5 anos do arquivamento do inquérito, a mãe quer que a Polícia Civil reabra o inquérito e garante ter elementos para isso. "Resolver isso me traria paz, são muitos anos de espera, de sofrimento. Preciso que a verdade apareça. Por que essa demora? Vejo como um descaso. Tenho certeza que não foi suicídio",  diz Seila.

Grupo de mulheres com faixas e fotos de mãe e filho mortos em 2016. (Foto: Natália Olliver)
Grupo de mulheres com faixas e fotos de mãe e filho mortos em 2016. (Foto: Natália Olliver)

Valquíria e João foram encontrados mortos no início da noite do dia 10 de dezembro de 2016, um sábado. Eles estavam deitados abraçados num quarto da casa onde viviam no Itanhangá Park, em Campo Grande. A polícia concluiu que a médica, em surto durante quadro grave de depressão, tirou a própria vida ao lado do filho. Ambos teriam morrido asfixiados por monóxido de carbono.

Quem encontrou os corpos foi o marido de Valquíria, que disse à polícia ter viajado a trabalho no dia anterior. Ele também disse ter achado uma carta de despedida, que foi entregue à investigação.

Seila Aparecida Feitosa recebe abraço durante protesto (Foto: Natália Olliver)
Seila Aparecida Feitosa recebe abraço durante protesto (Foto: Natália Olliver)

Seila não acredita que a filha pudesse chegar a tal ponto, porque as duas eram muito próximas e, segundo a mãe, a médica relatava que o casamento ia mal. "Ela foi fazer tratamento de depressão em virtude do ambiente que ela estava vivendo, que era a casa dela, mas nunca verbalizou nada sobre suicídio".

Segundo ela, não faltou oportunidade para a filha dar alguma pista do que supostamente planejava fazer. "A nossa relação era boa. A gente sempre conversava. Eu ia em alguns momentos ao posto de saúde [onde a médica trabalhava], no horário do almoço. Ela tinha esse tempo porque o trabalho era longe de casa. Ela ia no meu local de trabalho que é uma escola. Como trabalhava muito tempo fora e ela também, era o horário a gente conversava", afirma.

Cartaz afixado na porta do quarto onde vítimas foram encontradas (Foto: Reprodução dos autos do inquérito)
Cartaz afixado na porta do quarto onde vítimas foram encontradas (Foto: Reprodução dos autos do inquérito)

A mãe elenca supostas falhas na investigação. Embora a carta tenha sido escrita por Valquíria, conforme aponta a perícia grafotécnica, para a mãe, a médica foi coagida a redigir o texto.

A principal lacuna, afirma Seila, está na falha das câmeras de segurança da residência em dois intervalos, na madrugada e manhã daquele sábado.

Ela também pede que cartaz afixado na porta do quarto onde estavam filha e neto passe por exame grafotécnico, o que nunca foi feito. Além disso, testes toxicológicos não foram efetuados. A mãe diz ainda que testemunhas importantes não foram chamadas para depor.

“Tenho certeza que não foi suicídio pela forma que os corpos estavam, ela com a criança abraçada, quem vai morrer assim? No mínimo os corpos teriam que estar bagunçados. Da criança, porque ninguém segura uma criança. Falaram que ela tomou algo e deu pro menino. Mas nunca tive acesso ao resultado até hoje do exame toxicológico. Eles foram encontrados espumando pela boca. Vai pra oito anos e está faltando várias testemunhas”, questiona.

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Carta e celular de Valquíria em cima de escrivaninha (Foto: Reprodução dos autos do inquérito)

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