Mãe sofria agressões, dizem filhos de acusada por furtar empresário assassinado
Adolescentes disseram que a mãe era vítima do ex-marido
Em nova audiência, os dois filhos de Nayara Aparecida Garcia da Silva, 34, acusada de envolvimento no assassinato do empresário Luiz da Conceição Tierre, de 36 anos, afirmaram que a mãe era vítima de violência doméstica, por parte do outro réu, Joe Magnun Arce de Souza, 34. A audiência ocorreu na tarde desta segunda-feira (27).
Quando a filha mais nova, de 14 anos, entrou na sala de audiência, questionaram sua relação com a mãe dela e ela respondeu que Joe era o ex-marido, mas que ele nunca aceitou o fim do relacionamento. A menina contou que o réu costumava ameaçar Tierre, por ciúme do namoro da vítima com Nayara.
Ela descreveu Joe como agressivo e uma ameaça tanto para ela quanto para a mãe. Disse ainda que já havia sido agredida por ele. Quando questionada sobre porque não mencionou a agressividade de Joe em seu depoimento na delegacia, ela explicou que tinha medo.
Quando o depoimento passou para o filho mais velho da ré, de 16 anos, ele contou que, no dia do crime, estava indo ao lava a jato levar roupas para a mãe dele, que havia dormido com Tierre. Quando faltavam duas quadras, ele ouviu os tiros.
Ele relata que correu para o estabelecimento e, já no local, viu Tierre no chão e a mãe dele com uma arma na mão. O menino disse que pegou a arma da mãe porque tinha medo do que ela pudesse fazer.
Ele também explicou que, no dia do depoimento na delegacia, disse que a mãe dele tinha dado a arma para ele guardar. Quando questionado sobre a mudança de versão, ele negou que estivesse mudando sua história.
Quando perguntado por que sua mãe não revidou os tiros para defender Tierre, ele disse que a arma estava travada e que sua mãe não sabia atirar.
Joe foi retirado da sala durante os depoimentos das duas testemunhas, mas Nayara permaneceu, por ser mãe dos adolescentes.
Contradições - As duas testemunhas mudaram suas versões dadas na delegacia, para acrescentar que a mãe era vítima de agressões feitas pelo ex-marido, Joe. O advogado de defesa questionou por que eles não falaram sobre isso no depoimento dado na fase de inquérito policial e os dois ficaram calados.
Desde o primeiro depoimento, Nayara tenta se desassociar do ex-marido, responsável por matar a vítima. No relato dado à polícia, ela chegou a afirmar não conhecer o atirador, com quem conviveu por 9 anos. Entretanto, Nayara e Joe têm em comum uma filha, de 8 anos.
Outra questão que levantou suspeita da polícia foi que o filho de Nayara, à época com 15 anos, escondeu a arma que ela chegou a pegar no dia do crime, pistola 380 que pertencia a Tierre. O adolescente também mentiu, em depoimento, sobre conhecer Joe. Ele disse que mentiu e escondeu a arma a pedido da mãe.
O caso - Nayara Aparecida Garcia da Silva e o ex-marido, Joe Magnun Arce de Souza, respondem pelo assassinato do empresário Luiz da Conceição Tierre, de 36 anos.
O crime aconteceu no lava a jato de Tierre, na Avenida das Bandeiras, em Campo Grande, na manhã do dia 27 de maio do 2022. No momento da execução, o eletricista Adriano Medeiros Pereira, de 33 anos, passava de motocicleta e morreu ao ser atingido por uma bala perdida.
Conforme a investigação policial, Tierre havia recebido cerca de R$ 60 mil em decorrência da venda de uma propriedade e Nayara, namorada dele, sabia disso. Depois da morte do empresário, o dinheiro sumiu e a única pessoa que teve acesso ao estabelecimento antes e durante o crime foi Nayara, que dormiu com a vítima, na noite que antecedeu o assassinato.
Indagada novamente na delegacia, Nayara confirmou ter ordenado ao filho que retirasse a arma de fogo do lava a jato e levasse para a sua casa. Porém, referente ao dinheiro, ela sustentou ter entregue, na sua totalidade, a outra funcionária, que ao ser ouvida na delegacia, negou. A testemunha disse que recebeu a bolsa, que pertencia a Tierre, mas com a quantia de apenas R$ 340.
Prisão - Joe foi preso no fim da manhã do dia 28 de junho, em uma chácara de familiares, dentro do balneário Atlântico. A arma utilizada no duplo homicídio, um revólver calibre 38, também foi apreendida na ocasião.
Nayara é acusada pelos crimes de furto qualificado, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e corrupção de menores.
(*) Matéria editada às 14h21 do dia 28 de março para correção de informações a pedido da defesa de Nataly.