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Capital

Mãe sofria agressões, dizem filhos de acusada por furtar empresário assassinado

Adolescentes disseram que a mãe era vítima do ex-marido

Mylena Fraiha e Ana Beatriz Rodrigues | 27/03/2023 19:42
Mãe sofria agressões, dizem filhos de acusada por furtar empresário assassinado
Tierre caiu no meio da Avenida das Bandeiras, em Campo Grande. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Em nova audiência, os dois filhos de Nayara Aparecida Garcia da Silva, 34, acusada de envolvimento no assassinato do empresário Luiz da Conceição Tierre, de 36 anos, afirmaram que a mãe era vítima de violência doméstica, por parte do outro réu, Joe Magnun Arce de Souza, 34. A audiência ocorreu na tarde desta segunda-feira (27).

Quando a filha mais nova, de 14 anos, entrou na sala de audiência, questionaram sua relação com a mãe dela e ela respondeu que Joe era o ex-marido, mas que ele nunca aceitou o fim do relacionamento. A menina contou que o réu costumava ameaçar Tierre, por ciúme do namoro da vítima com Nayara.

Ela descreveu Joe como agressivo e uma ameaça tanto para ela quanto para a mãe. Disse ainda que já havia sido agredida por ele. Quando questionada sobre porque não mencionou a agressividade de Joe em seu depoimento na delegacia, ela explicou que tinha medo.

Quando o depoimento passou para o filho mais velho da ré, de 16 anos, ele contou que, no dia do crime, estava indo ao lava a jato levar roupas para a mãe dele, que havia dormido com Tierre. Quando faltavam duas quadras, ele ouviu os tiros.

Ele relata que correu para o estabelecimento e, já no local, viu Tierre no chão e a mãe dele com uma arma na mão. O menino disse que pegou a arma da mãe porque tinha medo do que ela pudesse fazer.

Ele também explicou que, no dia do depoimento na delegacia, disse que a mãe dele tinha dado a arma para ele guardar. Quando questionado sobre a mudança de versão, ele negou que estivesse mudando sua história.

Quando perguntado por que sua mãe não revidou os tiros para defender Tierre, ele disse que a arma estava travada e que sua mãe não sabia atirar.

Joe foi retirado da sala durante os depoimentos das duas testemunhas, mas Nayara permaneceu, por ser mãe dos adolescentes.

Contradições - As duas testemunhas mudaram suas versões dadas na delegacia, para acrescentar que a mãe era vítima de agressões feitas pelo ex-marido, Joe. O advogado de defesa questionou por que eles não falaram sobre isso no depoimento dado na fase de inquérito policial e os dois ficaram calados.

Desde o primeiro depoimento, Nayara tenta se desassociar do ex-marido, responsável por matar a vítima. No relato dado à polícia, ela chegou a afirmar não conhecer o atirador, com quem conviveu por 9 anos. Entretanto, Nayara e Joe têm em comum uma filha, de 8 anos.

Outra questão que levantou suspeita da polícia foi que o filho de Nayara, à época com 15 anos, escondeu a arma que ela chegou a pegar no dia do crime, pistola 380 que pertencia a Tierre. O adolescente também mentiu, em depoimento, sobre conhecer Joe. Ele disse que mentiu e escondeu a arma a pedido da mãe.

O caso - Nayara Aparecida Garcia da Silva e o ex-marido, Joe Magnun Arce de Souza, respondem pelo assassinato do empresário Luiz da Conceição Tierre, de 36 anos.

O crime aconteceu no lava a jato de Tierre, na Avenida das Bandeiras, em Campo Grande, na manhã do dia 27 de maio do 2022. No momento da execução, o eletricista Adriano Medeiros Pereira, de 33 anos, passava de motocicleta e morreu ao ser atingido por uma bala perdida.

Conforme a investigação policial, Tierre havia recebido cerca de R$ 60 mil em decorrência da venda de uma propriedade e Nayara, namorada dele, sabia disso. Depois da morte do empresário, o dinheiro sumiu e a única pessoa que teve acesso ao estabelecimento antes e durante o crime foi Nayara, que dormiu com a vítima, na noite que antecedeu o assassinato.

Indagada novamente na delegacia, Nayara confirmou ter ordenado ao filho que retirasse a arma de fogo do lava a jato e levasse para a sua casa. Porém, referente ao dinheiro, ela sustentou ter entregue, na sua totalidade, a outra funcionária, que ao ser ouvida na delegacia, negou. A testemunha disse que recebeu a bolsa, que pertencia a Tierre, mas com a quantia de apenas R$ 340.

Prisão - Joe foi preso no fim da manhã do dia 28 de junho, em uma chácara de familiares, dentro do balneário Atlântico. A arma utilizada no duplo homicídio, um revólver calibre 38, também foi apreendida na ocasião.

Nayara é acusada pelos crimes de furto qualificado, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e corrupção de menores.

(*) Matéria editada às 14h21 do dia 28 de março para correção de informações a pedido da defesa de Nataly.

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