“Me sinto desprotegida”, diz vendedora que denunciou policial por estupro
Mulher de 34 anos afirma que está com medo e não acha justo suspeito ficar solto e trabalhando
A vendedora, de 34 anos, que procurou ajuda em um quartel do Corpo de Bombeiros e denunciou ter sido ameaçada e estuprada por um policial civil, afirma que está se sentindo desprotegida. O caso aconteceu na noite de sábado (20). O servido público lotado na DGPC (Delegacia-Geral de Polícia Civil) não foi preso, mas deve entregar a arma funcional no fim do expediente.
A jovem conversou com o Campo Grande News enquanto acompanhava uma amiga que foi ouvida como testemunha na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) na tarde desta segunda-feira (22). Bastante apreensiva, ela não quis dar muitos detalhes do caso, mas relatou que conheceu o policial quando foi registrar boletim de ocorrência na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol uma semana antes do suposto estupro.
Os dois então passaram a se relacionar e no sábado o crime aconteceu. Hoje, ao saber que o homem não estava preso, ela contou que ficou com muito medo e está se sentindo desprotegida com a sensação de que estão tentando acobertar o policial.
“Me sinto totalmente desprotegida. Era para eles me acolherem, estou vulnerável com ele solto. Como uma pessoa que é policial e está ali para me proteger usa o poder que tem para me agredir e estuprar e eu ainda saio como errada? Ninguém quer falar sobre o assunto, parece que estão acobertando ele”, pontuou a vendedora.
À reportagem ela declarou ainda não achar justo manter o servidor trabalhando e recolher a arma funcional apenas quando ele termina o expediente. “Onde fica minha segurança como mulher e vítima? Enquanto ele acordar e vai viver a vida dele normal, eu estou aqui com as marcas que ninguém vai tirar de mim”, disse a mulher.
Segundo ela, a roupa usada pelo policial no crime foi recolhida e o pedido de prisão do suspeito será feito. “Só o que me falaram foi isso e que estão investigando. Única coisa que quero é justiça”, finalizou.
Entenda - No dia do crime, a mulher foi até a casa do policial, no centro da Capital. Por volta das 12 horas, o casal saiu do imóvel e seguiu até a residência de um amigo, no Bairro Zé Pereira, onde passou a tarde. Já eram 20h quando eles deixaram o local e no caminho o servidor disse que retornariam para a casa dele. Mas ela se recusou e pediu para ser deixada em casa.
Conforme o relato, o suspeito parou o carro, na região da Vila Progresso, e apontou a arma para a vítima. Segundo boletim de ocorrência, o policial fez ameaças de morte, passou a xingá-la e a estuprou. Depois de cometer o crime, o policial ficou mais calmo e a vítima pediu, mais uma vez, para ser deixada em casa.
Contudo, o suspeito disse que a mulher estava nervosa e que iriam para a residência dele, onde dormiriam e no outro dia ela retornaria para casa. No deslocamento, a vítima conseguiu sair do carro e correu até o quartel do Corpo de Bombeiros, na Avenida Costa e Silva, onde pediu ajuda.
O suspeito parou a caminhonete que conduzia na frente do quartel, de acordo com o boletim de ocorrência, e chegou a se identificar para os militares como policial civil, inclusive, com o documento funcional, mas fugiu na sequência.
Em nota encaminhada à imprensa, a PCMS afirmou que apura o ocorrido. "O procedimento também será encaminhado à Corregedoria-Geral da Polícia Civil "para apurar qualquer desvio de conduta do servidor".
Hoje, em coletiva de imprensa, o delegado-geral, Roberto Gurgel, afirmou que o policial continua desempenhando suas funções normalmente, mas teve o uso da arma de fogo limitado, conforme decisão da Justiça de Mato Grosso do Sul, ao horário de expediente. A arma funcional foi usada para ameaçar a vítima, conforme o boletim de ocorrência.
A informação dada pelo delegado é que um pedido de prisão foi feito, mas negado pela Justiça.
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