Médica de UPA libera paciente sem ver que ela tinha dois ossos quebrados
Secretaria de Saúde da Capital promete sindicância e sugere que falha seria do equipamento de raio-x ou do profissional
Fortes dores pelo corpo e dificuldade para se mexer. Esses são os sintomas que a estudante Kamila Batista Mamédio, 20 anos, sente desde a madrugada de domingo (21), mesmo depois de ser atendida na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Universitário. Detalhe: a médica que a atendeu não notou que ela tinha duas partes do corpo fraturadas.
À reportagem do Campo Grande News, Kamila contou que voltava da casa do namorado, por volta das duas horas da madrugada, pelo sentido centro-bairro da avenida Guaicurus e, logo após cruzar a rua Pontalina, foi fechada por um veículo. Para tentar escapar do acidente, a jovem subiu no meio-fio, mas, perdeu o controle e caiu.
Segundo Kamila, o carro passou em cima dela e fugiu sem prestar socorro. Testemunhas que passavam pelo local ajudaram a jovem. O Corpo de Bombeiros fez o resgate e a levou para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Universitário, onde foi medicada e submetida a exames de raio-x.
Já por volta das 10h, quando Emerson, irmão de Kamila, questionou a situação da irmã, a enfermeira informou que demoraria um pouco, pois a ficha da paciente havia sido perdida. Minutos depois, a médica Claudia Natalia de Paiva deu alta e atestado de três dias para a paciente, informando que as dores que ela sentia seriam apenas musculares e que passariam com repouso e medicação.
Na tarde de ontem (22), ainda com fortes dores, Kamila foi levada por familiares para a Santa Casa, onde passou por novos exames que revelaram que ela está com um osso da face e escápula direita quebrados. No próximo dia 29, a paciente deve retornar ao hospital para avaliar a necessidade de cirurgias.
A reportagem tentou, via Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), explicações da médica ou da chefia do plantão da UPA no dia do atendimento a Kamila. A única manifestação veio pela assessoria de imprensa do órgão. A explicação é de que a falha pode ter ocorrido por problema na regulagem do equipamento ou má interpretação dos exames por parte do profissional, que é clínico-geral sem especialização em ortopedia.
A Secretaria informou, ainda, que a denúncia da paciente será apurada por meio de uma sindicância e não poderá se posicionar até que o processo seja finalizado.