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Capital

Médicos mantêm greve e fazem triagem de doentes em unidade básica

Flávia Lima | 19/05/2015 11:45
Nas UPAs o fluxo de pacientes é grande, mas o tempo de espera pode levar até 4 horas, segundo funcionários. (Marcos Ermínio)
Nas UPAs o fluxo de pacientes é grande, mas o tempo de espera pode levar até 4 horas, segundo funcionários. (Marcos Ermínio)

Apesar da determinação da Justiça que ordenou o fim da greve, os médicos da Capital mantém a paralisação e a escala de 50% nas (UPAs) Unidades de Pronto Atendimento 24 horas. Na manhã desta terça-feira, a equipe do Campo Grande News constatou em Unidades Básicas de Saúde que em alguns casos, pacientes estão esperando por mais de duas horas pelo atendimento e que os médicos fazem triagem para atender só casos urgentes.

Na UBS João Miguel Basmage, do bairro Estrela Dalva, o gerente Maycon Ferreira Ribeiro ressaltou que havia ao menos dois médicos atendendo casos de urgência e que o serviço de triagem está sendo feito normalmente.
Segundo ele, a escala habitual conta com pelo menos quatro médicos. O movimento maior era apenas na sala de vacinação, onde enfermeiros imunizavam idosos e crianças contra a gripe. "Como a população sabe da greve,não estão vindo, mas quem prcura é atendido", disse o gerente.

De acordo com o gerente, serviços como inalação, aferição de pressão, medicação mediante receita médica e curativos estão sendo realizados, já que o corpo de enfermagem é apto para esse tipo de procedimento.

Como nenhum desses serviços atendia às suas necessidades, o aposentado Domingos de Oliveira disse que ia tentar levar a esposa, que está com uma hérnia, na UPA do Coronel Antonino, na tentativa de conseguir encaminhamento para realizar um exame. Ele havia telefonado em dois postos, mas foi avisado que apenas na UPA conseguiria a solicitação.

“Essa greve é culpa da prefeitura que não resolve o problema com os médicos e não tomam providências. Esse prefeito está fazendo pior que o Bernal, não respeita a população”, reclamou. O aposentado Marciélio Garcia também reclamou da postura da administração municipal. Ele havia levado a filha Marcela, de 10 anos para receber a vacina da gripe, mas como a menina sofre de bronquite asmática, precisaria passar por um médico para conseguir a liberação.

“Eles estão no direito deles. A situação está caótica mesmo, mas a gente tem que ver o outro lado. Os médicos estão avisando há dias que iam parar e ninguém fez nada”, disse.

Já na UBS do bairro Nova Bahia o sub-gerente, que não quis se identificar, alegou não ter autorização para confirmar se havia médicos no local, porém, no corredor de espera havia várias pessoas aguardando atendimento. “Se não tivesse médico creio que eles avisariam a gente”, disse a estagiária Isabelle Rodrigues de Albuquerque. Com fortes dores no corpo, ela conta que havia chegado às 7h30 no posto e até às 9 horas não havia sido atendida. “Olharam só a minha pressão, que está baixa”, contou.

Quem também aguardava atendimento sem ter certeza se havia médicos no local era a dona de casa Varlene Lucas, que esperava pela troca de uma receita de antidepressivo. “Não tem jeito, vou ter que esperar porque essa receita só médico pode dar”, enfatiza.

Na UPA do bairro Coronel Antonino, mesmo com o sindicato afirmando que 50% da escala médica seria mantida, um funcionário da recepção afirmou que apenas 30% da equipe havia aparecido. Uma paciente que não quis se identificar, saiu às pressas do posto denunciando que os profissionais que apareceram não estavam atendendo.

Na recepção, a equipe do Campo Grande News foi informada que devido ao número reduzido de profissionais, o tempo de espera, em alguns casos, variava de 3 a 4 horas. A costureira Genésia de Almeida acompanhava o marido, o pedreiro Adão de Souza Brandão, que sofreu um acidente de moto no domingo e já havia feito um raio-X, mas não havia conseguido passar pelo médico para saber o diagnóstico e qual tratamento seria recomendado.

Nervoso, o pedreiro disse que aguardava atendimento desde às 7h30. “Isso é uma vergonha. Nenhum político liga para o povo”, afirma. A dona de casa Taís Costa Vieira também esperava pela troca de curativo na perna direita do filho Mateus, que também havia sofrido acidente de moto. “Com essa confusão, quem sofre é o povo”, disse o avô do menino.

O funcionário de Recursos Humanos Anderson Barbosa, também acompanhava o filho Haian Barbosa, 16, que já havia passado pela triagem, mas não tinha expectativa de quando seria atendido. O fluxo de pacientes na UPA era intenso no período da manhã e segundo funcionários, vem se mantendo mesmo com a paralisação.

De acordo com a assessoria do Sindicato dos Médicos, apesar de a categoria ter afirmado que faria escala apenas nas UPAs, alguns profissionais decidiram manter as urgências também nas UBS por questão de bom senso, no entanto, a categoria reconhece que em alguns casos a espera pelo atendimento pode passar de duas horas.

Ainda conforme a assessoria, funcionários das unidades de saúde estão sendo orientados a avisar os pacientes de que os médicos estão no posto, mas não estariam atendendo. Quanto a determinação da Justiça em retornar ao trabalho, a assessoria informou que ainda não houve notificação da decisão e quando houver uma nova assembleia será feita para definir os próximos passos da paralisação.

Acordo -A prefeitura destaca que continua disposta a negociar, mas não tem condições de conceder o reajuste solicitado, por isso fez os cortes nos plantões e retirou gratificações. A assessoria ainda ressalta que aguarda o cumprimento da decisão de retorno ao trabalho, quando houver a categoria for notificada pela Justiça.

Já sobre a informação da assessoria dos médicos de que alguns profissionais dos postos estariam dispensando pacientes, mesmo com médicos no local, não houve retorno.

O pedreiro Adão de Souza aguardava médico para ler resultado de raio-X. (Foto:Marcos Ermínio)
O pedreiro Adão de Souza aguardava médico para ler resultado de raio-X. (Foto:Marcos Ermínio)
O aposentado Domingos de Oliveira, que busca atendimento para a esposa, acredita que a greve é fruto de intransigência. (Foto:Marcos Ermínio)
O aposentado Domingos de Oliveira, que busca atendimento para a esposa, acredita que a greve é fruto de intransigência. (Foto:Marcos Ermínio)
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