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Capital

Mensagem de suposto sequestro ganha redes sociais, mas revela briga por guarda

Segundo a defesa da pai da vítima, uma menina de 8 anos, a mãe sabia que ela estava com a avó todo o tempo

Geisy Garnes | 01/11/2021 17:09
Advogada do pai da criança, Ingrid de Alencar Toledo Bastos (Foto: Geisy Garnes)
Advogada do pai da criança, Ingrid de Alencar Toledo Bastos (Foto: Geisy Garnes)

Por grupos do WhatsApp e publicações no Instagram, a notícia de suposto sequestro de uma menina de 8 anos em Campo Grande foi compartilhada diversas vezes ao longo do fim de semana. O autor do crime seria o próprio pai, que com a ajuda da mãe, havia fugido com a menina. A história por trás do pedido de ajuda nas redes sociais, no entanto, revelou uma briga judicial, que hoje envolve até investigação de maus-tratos.

O pedido de informação sobre o paradeiro da menina começou a ser compartilhado pela mãe dela, maquiadora de 32 anos, ainda no sábado (30). A mensagem afirmava que a menina havia passado o fim de semana na casa da avó e depois disso, a idosa e o pai pararam de responder as ligações e não foram encontrados mais em casa. A mulher afirmou também que procurou a polícia para registrar boletim de ocorrência sobre o desaparecimento da filha.

Depois que a foto foi compartilhada em diversos grupos, a versão da família paterna da menina também foi divulgada. Quem conta a história, é a advogada Ingrid de Alencar Toledo Bastos, contratada pelo pai da menina, empresário da Capital, para cuidar do processo de guarda da criança.

Segundo a defensora, há algum tempo o pai e a avó da paterna, que hoje é quem tem direito legal de ficar com a menina aos fins de semana, perceberam mudanças no comportamento da criança, dificuldade escolar e comentários negativos em relação a mãe.

Por mais de uma vez, a garota comentou que gostaria de ficar com o pai e por isso, preocupados com a alteração no comportamento, procuraram a escola da criança. O colégio particular detalhou um histórico de dificuldade de aprendizagem desde 2017 e diversas tentativas de contato com a mãe, sem sucesso.

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O relatório psicopedagógico entregue pela escola apontou a falta de acompanhamento famíliar nos estudos da menina, ausência da aluna nas aulas durante o período da pandemia e nos reforços marcados para ela ao longo dos anos. Por duas vezes ela foi ouvida pela psicóloga e na mais recente delas, ficou constata a “falta de organização familiar” em casa.

Nesta época, mãe e pai foram chamados para ouvirem a profissional, mas só o empresário apareceu no dia marcado. “No dia 22 de outubro ele vieram aqui no escritório, preocupados com a menina. Ela estava com dificuldade para comer e dormir e falava que não queria voltar para a casa da mãe. Então levamos ela até a Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente)”.

Na delegacia, afirma a advogada, a menina relatou que passa muito tempo sozinha ou com outras pessoas. Afirmou que é forçada a ir para restaurantes e quando se opõe, acaba discutindo com a mãe. Lembrou até que teve o celular quebrado em um dessas ocasiões.

Neste dia, um boletim de ocorrência de maus-tratos foi registrado na delegacia especializada e um medido de medida protetiva foi requisitado à Justiça. “Ela não queria voltar para a casa da mãe, chegou a pegar o celular da avó escondido e mandou áudio falando que ia ficar o resto da semana. Por isso, o pai e a avó decidiram não entregar ela para a mãe”.

Segunda Ingrid, a avó avisou a mãe que a menina estava com problemas e por isso ficaria mais tempo com ela, mas as mensagens não foram respondidas. O tempo passou, e só no fim da semana, quando o pedido da medida protetiva começou a ser analisado, a responsável pela criança apareceu.

Neste dia, conta a advogada, ela foi até a casa da ex-sogra, gritou pela filha e “fez um escândalo”. A menina, naquele momento, estava passeando com o pai e a idosa de 75 anos, assustada com a situação, não abriu a porta para a mulher. Depois desse episódio, a notícia do “suposto sequestro” começou a circular.

“A menina nunca esteve desaparecida. Tudo foi avisado para a mãe”. Diante da situação, o pai da menina também procurou a polícia e registrou um boletim de falsa comunicação de crime. “Agora esperamos a regularização da guarda na justiça. A criança não quis voltar para a mãe, o pai e a avó decidiram acatar a vontade dela”.

A equipe do Campo Grande News procurou a maquiadora para entender a situação. Ela chegou a se comprometer a falar com a reportagem, mas após um tempo, parou de responder.

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