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Mesmo com maioria dos barracos destruídos, famílias seguem em área irregular

Um dia depois da destruição de 18 barracos, famílias dizem que não têm para onde ir e temem retorno de fiscais da prefeitura

Silvia Frias e Bruna Marques | 16/06/2020 12:09
Grupo de moradores de área invadida olha o que sobrou após ação, ontem (Foto: Henrique Kawaminami)
Grupo de moradores de área invadida olha o que sobrou após ação, ontem (Foto: Henrique Kawaminami)

Um dia depois da derrubada de vários barracos em área pública no Jardim Noroeste, famílias aguardam o retorno dos fiscais da prefeitura para “terminarem o serviço”, mas dizem que, ainda assim, pretendem ficar na área.

Dos 27 barracos que começaram a ser erguidos há 3 meses, apenas 9 ainda estão em pé, conforme contagem dos moradores que ainda estão no local. Vários que tiveram a moradia derrubada voltaram hoje.

A derrubada dos barracos começou ontem à tarde, por volta das 13h. Três fiscais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) foram até a Rua Água Funda para informar aos invasores que eles deveriam deixar a área pública.

Camila Salvador Ximenez, 24 anos, foi uma das que recebeu o aviso. Inicialmente, os fiscais teriam dito que eles teriam prazo de 48h para retirada dos pertences dos barracos, mas a “conversa mudou” assim que a patrola chegou. O trabalho de destruição foi acompanhado por equipes das guardas Municipal e Metropolitana.

Eles foram orientados a assinar um documento, em que tiveram os dados preenchidos e constava a saída imediata da área. Essa desocupação, conforme o que foi assinado por eles, foi feita em atendimento ao artigo 5, parágrafo 2 da Lei 2.909/92, que trata do veto à ocupação de áreas públicas sem permissão do órgão municipal.

Para muitos, não deu tempo de retirar o que estava no barraco, denunciam (Foto: Henrique Kawaminami)
Para muitos, não deu tempo de retirar o que estava no barraco, denunciam (Foto: Henrique Kawaminami)

Em relato ao Campo Grande News, eles questionaram a conduta dos fiscais, que estariam debochando da situação, dizendo que levariam a madeira dos barracos “para fazer churrasco” e, segundo eles, um deles estaria armado. Eles negam que tenham reagido de forma violenta à desocupação.

Eles dizem que os barracos não foram totalmente destruídos porque os servidores foram embora depois que teriam visto equipe de reportagem. “Mas eles disseram que iriam voltar hoje”, diz Camila.

Camila é uma das que ainda está com barraco intacto. Ela mora com os três filhos e o marido na peça única com banheiro externo. ““No momento, estamos pensando em continuar aqui, não temos para onde ir, está todo mundo desempregado e único centavo que a gente tinha, investiu aqui”, disse.

Alguns barracos ainda não foram destruídos (Foto: Henrique Kawaminami)
Alguns barracos ainda não foram destruídos (Foto: Henrique Kawaminami)

Caíque de Souza, 27 anos, é aposentado por invalidez e mora sozinho em um dos barracos que ainda estão na área. Ele diz que investiu R$ 3 mil para construir peça e banheiro e critica a forma como os fiscais agiram. “Se o povo não tivesse tirado as coisas de dentro do barraco, eles teriam destruído as coisas sem dó”, disse. “Aqui ninguém é bandido, a gente só quer teto para morar”.

Gustavo Augusto, 18 anos, voltou hoje até a área, depois que o barraco dele foi destruído. Dormiu na casa do avô e retornou para ver o que tinha sobrado do que havia gastado R$ 500 para erguer. “Só deu tempo de retirar as coisas de dentro, eu não tenho para onde ir”.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura para falar se houve procedimento abusivo na ação dos fiscais e aguarda retorno.


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