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Capital

Mesmo sem desfile, 7 de Setembro terá ruas divididas em manifestações

"Grito dos Excluídos" quer contrapor "Grito da Independência", movimento convocado por apoiadores de Bolsonaro

Anahi Zurutuza | 27/08/2021 06:10
Multidão reunida num dos últimos desfiles de 7 de Setembro, em 2018. (Foto: Governo de MS/Divulgação)
Multidão reunida num dos últimos desfiles de 7 de Setembro, em 2018. (Foto: Governo de MS/Divulgação)

Por mais um ano, assim como no aniversário de Campo Grande, o desfile cívico-militar de 7 de Setembro não vai às ruas da Capital. O Governo de Mato Grosso do Sul – por motivos óbvios diante de uma pandemia que dá sinais de estar controlada, mas ainda não chegou ao fim – não organizou o evento que tradicionalmente levava multidão para a região central da cidade.

O CMO (Comando Militar do Oeste), que em 2018, levou 1 mil militares para desfilar, além de 41 viaturas blindadas e tanques de guerra, também não está programando nenhum ato para o Dia da Independência. A Base Aérea de Campo Grande, que desfilou com 700 militares há dois anos, muito menos.

Fanfarra em desfile do Dia da Independência, quando o evento ainda era na 14 de Julho. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo) 
Fanfarra em desfile do Dia da Independência, quando o evento ainda era na 14 de Julho. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo) 

Mais de 5,5 mil militares e integrantes de instituições civis, entre elas, escolas estaduais, participaram o último 7 de Setembro na Capital, em 2019. Para este ano, porém, o que “sobrou” são os protestos.

O tradicional “Grito dos Excluídos”, desta vez, vai às ruas para contrapor movimento que está sendo convocado por seguidores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O “Grito da Independência”, organizado em todo o País pelos “bolsonaristas”, promete ser “gigante”. Os manifestantes querem demonstrar o “apoio ao presidente” e protestar “contra o STF [Supremo Tribunal Federal]”.

"Grito dos Excluídos" em 2019, na 13 de Maio. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
"Grito dos Excluídos" em 2019, na 13 de Maio. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

Diferente do restante do País, onde grandes empresários ligados à indústria, comércio e transportes estão convocando as manifestações, para a Capital, até agora, nenhuma liderança de sociedade civil está trabalhando publicamente na mobilização. Mas os deputados estaduais “fechados com Bolsonaro”, Renan Contar (PSL) e Carlos Alberto David dos Santos, o coronel David (sem partido), fazem esse papel.

O primeiro convocou pelas redes sociais para uma “motociata”. A concentração será à 8h45, no estacionamento do Yoted, no Parque das Nações Indígenas, e a ideia é que as motos percorram 20 km pelo Parque dos Poderes, Afonso Pena e frente da Base Aérea, até às 11h. David avisa, também pelas redes sociais, de manifestação na Praça do Rádio Clube, a partir das 9h.

Já o “Grito dos Excluídos”, como diz o nome, pretende dar voz àqueles à margem da sociedade – negros, indígenas, sem-terra, mulheres, LGBTQIA+. Por isso, promete reunir este ano, entidades que representam estes grupos “na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda”.

O endereço da concentração, por enquanto, ainda não foi divulgado. Jaime Teixeira, da Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul), uma das entidades envolvidas na organização do "Grito dos Excluídos", afirma que a escolha do local será definido em breve, de maneira a evitar encontro com os "bolsonaristas". "Não queremos confronto".

Convocação de deputado para protesto no dia 7 de setembro. (Foto: Reprodução)
Convocação de deputado para protesto no dia 7 de setembro. (Foto: Reprodução)

Polarização – O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) declarou esta semana, não ver problema na população organizar manifestações. “Todo mundo tem direito de se manifestar. Não tenho porque participar dessas manifestações. Temos como mantra nossa Constituição. Democracia é bom pra todo mundo, porque é liberdade, é liberdade de pensamento, liberdade de expressão. A gente vai respeitar os atos”.

A administração estadual, contudo, estará pronta para evitar tumultos. “Agora, é coibir vandalismo. Cabe ao poder público, se tiver vandalismo, as forças de segurança com certeza estarão aí para coibir”.

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