Militar preso por feminicídio quer "acesso livre" nas dependências da Base Aérea
Defesa pediu liberdade provisória e sugeriu que militar preste serviços nas dependências da Base Aérea
A defesa do sargento da Aeronáutica, Tamerson Ribeiro Lima de Souza, de 31 anos, preso por matar a esposa, Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, de 22 anos, em fevereiro deste ano, tenta mais uma vez a liberdade provisória. Uma das sugestões listadas é que o militar não seja mantido em uma cela da BACG (Base Aérea de Campo Grande), mas que ele tenha acesso livre no local e que possa até cumprir "atividades laborais internas".
No pedido feito no último dia 23 de março, a advogada Talita Dourado lista que não existia situação de flagrante e pede a revogação da prisão alegando residência fixa, ocupação lícita e que Tamerson é réu primário. A advogada sugere, caso não seja concedida a total liberdade, o uso de tornozeleira eletrônica, prisão domiciliar ou acesso livre nas dependências da Base Aérea, onde ele ocupa uma cela.
"Nessa hipótese, o acusado continuaria a ser constantemente monitorado, inclusive de forma armada, mas deixaria de estar enjaulado dentro de grades, devolvendo-lhe a dignidade e a possibilidade de desempenhar trabalho dentro das repartições internas da Aeronáutica", discorre a defesa.
O caso - O corpo de Natalin foi encontrado na margem da BR-060, na saída para Sidrolândia, na tarde de 6 de fevereiro. Mas a investigação aponta que a jovem foi morta em casa. Tamerson alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e ela desmaiou.
Ele disse que a intenção não era matar e que tentou acordá-la, no entanto, percebeu que estava morta. Com medo de ser preso, Tamerson colocou o corpo no porta-malas do veículo e no outro dia, levou a filha, de 4 anos, para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia e o jogou à margem, em meio a um matagal.
Em seguida, Tamerson foi até a Base Aérea e chegou a se encontrar com uma acompanhante para "desabafar", segundo ele. Não houve relacionamento sexual entre os dois e ele teria contado sobre seu relacionamento, sem mencionar que havia matado a esposa.
Prisão - Quando a polícia chegou na casa e o questionou sobre Natalin, o militar disse que a esposa havia ido embora. Também tentou despistar as amigas, respondendo as mensagens no celular se passando por Natalin. Tamerson chegou a dizer para a filha, antes do corpo ser localizado, que a mãe teria passado mal e morreu no hospital.
O sargento foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, asfixia e feminicídio. A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) também o acusa de ocultação de cadáver.
No dia 3 de março, a Aeronáutica, através da BACG (Base Aérea de Campo Grande), pediu acesso à documentação do processo sobre o assassinato. Segundo documento enviado ao juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, a Base Aérea afirma que precisa de acesso aos documentos que ajudarão no processo administrativo instaurado.
Perícia em carro - Tamerson confessa ter carregado o corpo da esposa no porta-malas do veículo do casal, um Fiat Punto, No entanto, a primeira perícia não encontrou vestígios de que o corpo de Natalin foi carregado no veículo.
Conforme o laudo, foram feitas diversas análises pelos peritos "à vista desarmada", sendo que não foram encontrados vestígios como manchas de sangue, fios de cabelo ou outros objetos relacionados ao crime. A perícia sugeriu à polícia que o carro seja apreendido para análise laboratorial no Ialf (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses). O objetivo é ter uma resposta mais precisa sobre vestígios biológicos, não visíveis a olho nu no porta-malas.