Miss de MS perde título depois de ser acusada de racismo
Em vídeo, modelo se mostra insatisfeita com resultado que elegeu candidata do RJ como campeã
A organização do concurso Miss Trans Mato Grosso do Sul anunciou, nesta segunda-feira (26), que Mariane Cordon Cáceres perdeu o título conquistado no fim do ano passado, após ser acusada de racismo contra vencedora da etapa nacional da competição, no último fim de semana.
A decisão é resultado de vídeo gravado pela modelo sul-mato-grossense, que foi postado em sua rede social, na manhã seguinte ao resultado do concurso. Nas imagens, Mariane aparece se referindo a candidata do Rio de Janeiro, Eloá Rodrigues, por termo considerado racista.
“Representei lindamente o Estado do Mato Grosso do Sul, peguei um ‘Top 5’, que era minha intenção, mas eu sei que, de acordo com a minha desenvoltura e o meu resultado, eu merecia ir muito além e não deveria ter perdido ‘para isso’”, diz Mariane em vídeo publicado em seu perfil no Instagram.
A fala, rapidamente, foi replicada por usuários na internet e provocou centenas de comentários em desfavor da modelo. Nesta segunda, foi a vez de Cris Stefanny, organizadora da etapa estadual do Miss Trans, se pronunciar.
“Venho a publico informar a todas as pessoas, a nível Brasil e de Mato Grosso do Sul, que a senhora Mariane Cordon Cáceres não é mais a Miss Mato Grosso do Sul. Diante disso, peço encarecidamente que a mesma, de forma humilde, nos entregue a faixa e a coroa”, afirma Cris em vídeo.
Com isso, segundo comunicado da organização, o título de Miss Trans MS passa a ser de Nanda Ferraz, representante de Corumbá, a 419 quilômetros da Capital.
No vídeo em que a decisão foi anunciada, Cris Stefanny também comentou a situação e se solidarizou à campeã do concurso. “Juntamente com a Associação das Transvestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul, instituição responsável pela organização do evento, gostaria de pedir desculpas a senhora Eloá Rodrigues, nossa Miss Trans Brasil. Que diga-se de passagem, é uma pessoa super elegante, extremamente comprometida com causas sociais, com uma elegância e uma beleza inigualável”, comenta.
Em outro trecho do vídeo, a organizadora também reforçou ser contra atitudes racistas. “Quero ainda reafirmar que associação, assim como eu, não concordamos com nenhum tipo de preconceito ou discriminação contra quem quer que seja. Seja por questões raciais, seja por questões de orientação sexual, identidade de gênero e outros”, destacou.
A reportagem procurou Mariane Cordon para comentar a decisão e a modelo afirmou não ter sido comunicada oficialmente sobre o assunto. “Ainda não recebi nenhuma mensagem”, afirmou.
Posicionamento - Ontem, em entrevista ao Campo Grande News, Mariane comentou o ocorrido. “No calor do momento, da minha raiva, eu acabei me expressando super, hiper mal. A campeã estava atrás de mim, tomando café da manhã, e eu disse que eu não acreditava que perdi ‘para isso’”, reconheceu.
Mariane também afirmou não ter tido a intenção de agir de forma racista. “Sei que pode ter soado, ter parecido, eu sinto muito por isso. Estou muito arrependida, tanto é que o ‘stories’ ficou nas redes por cinco minutos, foi o tempo necessário para as pessoas gravarem e soltarem nas redes sociais. O ‘isso’ nunca foi para desvalorizar a cor e o gênero da ‘Elo’, foi por conta do desenvolvimento dela. Eu descordei do resultado sim, por conta dos looks que ela apresentou durante o confinamento, por conta dela na passarela, por conta do traje de galã, do cabelo, da maquiagem, como eu me expressei nas redes sociais. Eu disse que ela é extremamente inteligente e pode ter levado pela oratória, mas que não fazia muito sentido para mim esse resultado”, afirmou.