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Capital

“Mistura de dor, raiva e saudades”, diz mãe de jovem morto em briga de trânsito

Pai de Thiago conduziu caminhonete, ainda com marca de tiro no para-brisa

Aline dos Santos e Ana Beatriz Rodrigues | 02/01/2023 10:59
Amigos e familiares no sepultamento de Thiago Freitas, morto na madrugada do dia 1º. (Foto: Henrique Kawaminami)
Amigos e familiares no sepultamento de Thiago Freitas, morto na madrugada do dia 1º. (Foto: Henrique Kawaminami)

Um misto de revolta, dor e saudade marcou a despedida de Thiago Freitas, de 33 anos, assassinado com dois tiros na cabeça após briga de trânsito em Bonito, a 298 km de Campo Grande. Ele foi morto na madrugada de domingo (1º), logo após a virada de 2022 para 2023.

Na memória da mãe, ficaram as lembranças de uma linda queima de fogos, mas logo sucedida pelo desaparecimento do filho, que só tinha se afastado da família para buscar um veículo. Depois, soube que Thiago já estava morto.

“É um sentimento que nem consigo transformar em palavras. Uma mistura de dor, raiva e saudades. Ele não era só um filho, mas braço direito, braço esquerdo, as pernas”, descreve Cristina Correa, 49 anos, na tentativa de explicar o tamanho da sua perda.

Ela conta que como Thiago não aparecia com a caminhonete, a família - que mora na Capital e estava a passeio em Bonito - saiu em outro carro.

Preocupados, eles estranharam que o jovem não atendia o celular. Ainda de madrugada, a trágica notícia foi comunicada pela Polícia Civil de Bonito. A caminhonete S-10 estava no pátio da delegacia e o corpo no IML (Instituto Médio Legal) de Jardim, cidade vizinha a Bonito.

"Quem fez isso vai responder na justiça de Deus", diz Cristina. (Foto: Henrique Kawaminami)
"Quem fez isso vai responder na justiça de Deus", diz Cristina. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Quem fez isso vai responder na justiça de Deus. Tirou o filho, o marido e o pai”, afirma Cristina. Thiago era casado e tinha dois filhos de 6 e 10 anos. Durante o trajeto da Pax, localizada na Avenida Ernesto Geisel, até o Cemitério Park Monte das Oliveiras, na Avenida Guaicurus, o caixão foi acompanhado por um longo cortejo.

Pai de Thiago, Francisco Freitas, o Chiquinho, conduziu a caminhonete S-10, ainda com marca de tiro no para-brisa. Os pais da vítima são comerciantes e tiveram a história contada pelo Lado B, numa trajetória em que saíram de apenas um carrinho de cachorro-quente para abrir lanchonete no Bairro Taquarussu, em Campo Grande.

Amiga da família, Aline Pereira Teles, 59 anos, define o crime como uma covardia. “O Thiago sempre foi um menino honesto, trabalhador e grande pai de família. O que fizeram com ele foi uma covardia. Vi esse menino crescer e estou sem acreditar”.

Pai conduziu caminhonete, que ainda tem a marca de tiro no para-brisa. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pai conduziu caminhonete, que ainda tem a marca de tiro no para-brisa. (Foto: Henrique Kawaminami)

Thiago foi sepultado ao som de salva de palmas e com mais de cem pessoas entoando o louvor “Mãezinha do Céu”.

A Polícia Civil está investigando o caso, que foi registrado como homicídio simples. Algumas testemunhas disseram que a vítima se desentendeu com um pedestre, que durante a discussão sacou arma e fez dois disparos.

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