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Sabor

Há 32 anos, Chiquinho faz sucesso com maionese caseira e "podrão"

Família começou negócio com barraca de cachorro-quente e hoje, vende 16 versões de lanches

Jéssica Fernandes | 31/01/2022 10:41
Barraca de cachorro-quente deu início ao sonho do negócio. (Foto: Marcos Maluf)
Barraca de cachorro-quente deu início ao sonho do negócio. (Foto: Marcos Maluf)

Não tem que não aprecie um lanche completo e cheio de maionese caseira. O famoso “podrão” costuma matar a fome da galera e salvar aqueles que voltam tarde do trabalho ou dos rolês. É justamente por isso que, há 32 anos, o Chiquinho Lanches faz sucesso na Vila Taquarussu e tem lugar garantido no coração dos moradores.

O proprietário Francisco Freitas, 57 anos, iniciou o negócio de forma simples ao lado da esposa Cristina Corrêa, 49 anos. Antes de construírem a lanchonete de esquina, o casal utilizava o espaço de casa para atender e servir os clientes.

Com uma janela improvisada e duas mesas de ferro, os dois começaram a trabalhar. Na época, vender lanches não fazia parte dos planos, por isso, o caldo de cana foi a aposta inicial. Depois de um tempo, Francisco investiu na barraca de cachorro-quente e começou a ganhar fama na região. Na década de 1990, o pão com salsinha e a tubaína no saquinho eram vendidos a 25 centavos.

Lanche é enorme e cresce na medida que o cliente quiser. (Foto: Divulgação)
Lanche é enorme e cresce na medida que o cliente quiser. (Foto: Divulgação)

Ao Lado B, Cristina mostrou fotos que retratam a empreitada dela e do marido com o negócio. Quem passa pelo local e vê a estrutura coberta, espaçosa e com direito a câmera de segurança não imagina que o carrinho de cachorro-quente foi o ponto de partida. “Quando teve a virada do plano real, não sei o que aconteceu, mas todo mundo tinha dinheiro e comprava cachorro-quente. Aí, conseguimos fazer a reforma, porque aqui não tinha nada, era tudo terra”, lembra.

A pedido dos clientes, Chiquinho expandiu o cardápio e decidiu vender lanches. Por atenderem durante a madrugada, os clientes passaram a fazer propaganda para os amigos e, assim, a lanchonete começou a bombar.

Os moradores de uma antiga favela da região, de acordo com Cristina, foram os responsáveis pelo empreendimento ter prosperado. “Esse pessoal da favela eram nossos principais clientes, porque estudavam no Brígida e Consuelo. Eles saiam de lá (colégio) e vinham lanchar. Eles que nos ergueram”, ressalta.

Casal ao lado do filho mais velho, Thiago. (Foto: Marcos Maluf)
Casal ao lado do filho mais velho, Thiago. (Foto: Marcos Maluf)

Junto com os lanches, o casal colocava na mesa os frascos de maionese, porém o produto de mercado não agradou muito. Por isso, Chiquinho decidiu preparar com as próprias mãos o molho caseiro. "É o nosso carro-chefe”, garante o proprietário.

No estabelecimento, a maionese é vendida na versão tradicional e temperada. A segunda, que é a queridinha do público, é preparada com limão, óleo, ovos, cebolinha e salsinha. “O pessoal gosta, leva mais, se deixar ela vai”, diz Chiquinho sobre a preferência dos clientes.

Com opções a partir de R$ 10, o cardápio do Chiquinho prepara 16 versões de lanches, de X-salada a X-gauchinho. Feito com hambúrguer, salada, ovo, salsicha, presunto e queijo, o X-Campo Grande é o mais pedido entre os frequentadores do espaço. O lanche mais caro do menu é o “Especial da Casa”, que sai a R$ 45. O pão é super-recheado e acompanha dois hambúrgueres, duas salsichas e dois ovos, além de calabresa, milho, batata palha, queijo e salada.

Antes da lanchonete, família vendia caldo de cana. (Foto: Marcos Maluf)
Antes da lanchonete, família vendia caldo de cana. (Foto: Marcos Maluf)

Infância difícil - Homem de poucas palavras, Chiquinho contou no final da entrevista um pouco da sua trajetória. “Até hoje, não sei quem são meus pais, não sei de ninguém da minha vida”, começou. Nascido em Presidente Prudente (SP), ele viveu parte da infância dentro de um orfanato em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

Em 1977, ele foi adotado por uma família da Capital, porém não se adaptou. “Eu vi que o conforto não era pra mim, conseguir as coisas fáceis e fui embora. Aí, passei a morar na rua, trabalhei como servente de pedreiro, fui sofrendo e vendo como era a vida”, conta.

Ao olhar para o passado, Chiquinho diz sentir orgulho do que conseguiu construir. “Era para eu ser um vagabundo”, diz. Questionado se planeja um dia fechar a lanchonete, ele brinca: “Não tem como”, finaliza.

O Chiquinho Lanches está localizado na Rua Brigadeiro Machado, 762, Vila Taquarussu. O horário de funcionamento é de terça a quinta, das 18h30 à 1h30. Sábado e domingo, das 18h30 às 2h30.

Lanche coberto com a maionese caseira. (Foto: Arquivo pessoal)
Lanche coberto com a maionese caseira. (Foto: Arquivo pessoal)

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