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Capital

Moradores de condomínio reclamam de ocupação à beira de córrego em área nobre

Barracos com roupas de criança penduradas nos varais chamam a atenção de quem passa pelo local todos os dias

Gabrielle Tavares e Gabriel de Matos | 01/01/2023 20:40
Condomínios de alto padrão na região da Via Park (Foto: Henrique Kawaminami)
Condomínios de alto padrão na região da Via Park (Foto: Henrique Kawaminami)

Moradores do Condomínio Vitalitá, na Vila Margarida, em Campo Grande, estão acompanhando a ocupação da Avenida Nelly Martins crescer cada vez mais. Os barracos com roupas de criança penduradas nos varais chamam a atenção de quem passa pelo local todos os dias.

A arquiteta e professora universitária, Gisele Aparecida Nogueira Yallouz, 48 anos, relatou que já acionou a assistência social do município e denunciou o caso para a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

"A assistente social foi até lá, mas as pessoas falaram que eram catadoras e não queriam sair de lá. Tinha crianças lá, porém não quiseram sair. Um mês depois nada mudou, mais pessoas mudaram para lá, aí fiz uma denúncia na Semadur. Então teoricamente a Prefeitura está ciente ", apontou.

Gisele diz que o acúmulo de lixo no local está aumentando e pode, inclusive, poluir o córrego do local. "São pessoas que estão em uma situação de vulnerabilidade, além de ter adultos, têm crianças. Minha preocupação, em primeiro lugar é em questão da habitação, é desumano. E o lixo está se acumulando na beira do Córrego, aí já entra na questão ambiental também", conta.

Outra moradora, a arquiteta Renata Laranjeira, 48 anos, mora no condomínio há sete anos e relata que ia brincar com os filhos no local, mas parou de frequentar porque começou a se sentir insegura.

"Eu ia muito até lá para brincar com meus filhos, aí quando começou a ter aquelas pessoas lá parei de ir. A gente ouve muita coisa de pessoas brigando de noite, a gente fica com medo", apontou.

"A gente entende que as pessoas são vítimas da sociedade, mas a gente acaba ficando com medo. Quando a gente passa de manhã dá pra ver que tem mais pessoas no local, tem crianças andando por ali, roupas de roupa no varal, está parecendo um acampamento. Não é possível que só uma pessoa esteja fazendo tanto lixo", relata.

Renata se referiu à Lidiane Barreto, 37 anos, entrevistada pela reportagem do Campo Grande News na semana passada. Longe da família e há oito meses morando à beira do barranco do córrego do Sóter, não tem mais o que perder na vida, conforme ela mesma diz.

Placa com mensagem pedindo ajuda na Via Park (Foto: Henrique Kawaminami)
Placa com mensagem pedindo ajuda na Via Park (Foto: Henrique Kawaminami)


Tudo o que tinha de mais precioso, os pais e os cinco filhos, foi afastado por causa da pasta base de cocaína, dependência que começou aos 24 anos. “A pior coisa que existe, a droga destrói muito. Queria uma forma de me tratar. Hoje em dia me sinto muito mal comigo mesma. Eu queria muito alugar uma casa e que fosse uma equipe lá e pudesse me acompanhar, não trancada em um local. Não sou de ficar fechada”, disse na ocasião.

Resposta da Prefeitura - A SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) realizou ao menos oito visitas ao local nas últimas semanas em diferentes horários. "Em todos os momentos que as equipes estiveram no local, encontraram apenas um casal residindo em uma barraca. Foi ofertado acolhimento em uma de nossas unidades destinadas à população em situação de rua, incluindo vaga em uma das comunidades terapêuticas cofinanciadas".

O casal encontrado recusou o acolhimento. Eles não possuíam documentos de identidade e a equipe da Prefeitura solicitou o registro de nascimento de ambos no Cartório do 2º Ofício. Uma equipe da AMHASF (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) dará início ao processo de inserção habitacional em um dos programas ofertados pela pasta.

As pessoas que aceitam a intervenção da SAS são encaminhadas para as Comunidades Terapêuticas e para os Acolhimentos Institucionais. O atendimento é feito também no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro, localizado na Rua Joel Dibo, 255, no Centro.

O Serviço Especializado em Abordagem Social pode ser acionado para busca ativa e denúncias, por meio dos telefones: (67) 99660-6539 e (67) 99660-1469.

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