Moradores de favela sofrem com o dilema de mudar ou não de endereço
![Impasse continua e transferência de moradores da Cidade de Deus ainda não tem data para acontecer. (Foto: Marcos Ermínio)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2020/03/10/13ppi8ngeaqxs.jpg)
Os moradores da favela Cidade de Deus, localizada nas imediações do lixão, no bairro Dom Antônio Barbosa, saída para Sidrolândia, estão vivendo um verdadeiro dilema. Diante do impasse quanto a transferência para uma nova área, localizada no bairro Jardim Noroeste, há quem defenda a permanência no local até que a situação seja resolvida e há aqueles que exigem a mudança imediata.
Segundo a líder comunitária, Mariana Gonçalves, 22 anos, a favela está divida. Há aqueles que aceitaram a transferência, como também há aqueles que não querem deixar o local “de jeito nenhum”. Segundo ela, a situação ficou mais evidente pelo impasse em relação a transferência que estava prevista para acontecer na quinta-feira (15), no entanto, foi adiada.
“Aqui tinha um monte de gente com às coisas prontas para sair, e ai ficamos sabendo que não iriamos mais sair, pelo menos por agora. Eu por exemplo já estou com minhas coisas prontas e não vou me opor a sair daqui, mas tem muita gente que está batendo o pé. Hoje a favela está dividida. Tem gente impaciente querendo ir logo e tem gente que não quer”, disse.
José Carlos Xavier, 53 anos, é um dos que defendem a permanência no local, mas diz, que também não irá se opor caso haja uma determinação definitiva para que eles deixem a favela. José Carlos alega que todos os moradores estão angustiados, em decorrência da falta de informação sobre a situação deles.
“Todo dia tem uma coisa nova. Não sabemos mais de nada. Um dia chegam aqui e falam que vamos sair, outro dia falam para ficar. Eu penso que já que tem alguma coisa travando que deixe aqui logo até resolverem e até mesmo arrumarem uma casinha para nós. Porque lá vamos ter que morar em barraco também e barraco por barraco preferimos ficar aqui. Mas, agora se pedirem para sair vamos sair, fazer o que?”, comentou.
Morando há seis anos na favela, Mariluce Magalhães afirma que não irá sair do local. Segundo ela, a nova área destinada aos moradores não oferecem condições para que eles possam viver. Até mesmo porque, segundo ela, o local não tem estrutura para receber às cerca de 200 famílias que seriam transferidas para lá.
“Eu não vou sair daqui. Pode vir polícia o que for. Daqui eu não saio. Até porque querem nos colocar em um lugar que não tem condições de a gente ficar. Querem que nós troquemos uma favela por outra e não é isso que queremos. Não queremos sair daqui onde a gente trabalha e os nossos filhos estudam para ir para outro lugar que não tem nem escola para eles”, disse.
Impasse - No dia 30 de dezembro do ano passado, o aposentado Arthur Altounian obteve na Justiça a reintegração de posse da área. No entanto, no dia 07, a prefeitura desapropriou o terreno que mede 4,8 mil metros quadrados. O decreto foi publicado na segunda-feira (12).
Prevista para acontecer na quinta-feira, a mudança das 240 famílias foi adiada à espera de reforço policial. Nesta sexta-feira, o prefeito afirmou que a estrutura está pronta para os novos moradores.