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Capital

Moradores reclamam de via que virou banheiro e quarto de moradores de rua

Aos poucos, os imóveis da região foram esvaziados e os que ainda estão ocupados, tomados por onda de furto

Geniffer Valeriano e Mariely Barros | 13/07/2023 12:22
Moradores de rua dormem na calçada (Foto: Henrique Kawaminami)
Moradores de rua dormem na calçada (Foto: Henrique Kawaminami)

Vizinhos do Centro POP (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua) relatam viver cercados de insegurança em rua do centro da Capital que virou "cracolândia". Aos poucos, os imóveis da Rua Joel Dibo, no Centro, foram esvaziados e os que ainda estão ocupados, tomados por onda de furto que ocorrem na região.

Administrador de uma mecânica que fica na mesma rua do Centro POP, Fabiano de Oliveira, de 43 anos, conta que já chegou a ter mais de R$ 4 mil de prejuízo por conta dos moradores de rua. “Aqui na oficina furtaram no ano passado, arrombaram e levaram algumas ferramentas, neste ano eles riscaram o capô de um carro novinho que estava aqui na frente e também arrombaram a caixa de transporte de uma motocicleta de um de nossos clientes”, contou.

Fabiano ainda relata que, sempre no começo da manhã, na hora do almoço e no fim da tarde, cerca de 20 a 30 pessoas se reúnem na frente do centro para esperarem a distribuição de senhas para receberem alimentação.

“Aqui, já presenciamos briga com faca, porque todos eles têm faca, ficamos com medo porque nem sempre todos os carros que estamos atendendo cabem na oficina. Eles brigam e o pessoal da guarda tenta se separar, mas a assistente social sempre entra no meio e até barrou alguns guardas de virem aqui. Eu fico p., porque eles roubam as coisas da gente para vender por nada. Já entraram no galpão do mercado que tem ali na esquina e roubaram até ração de cachorro e caixa de pinga, três caixas fechadas, no outro dia a rua estava lotada de corotinho (sic.)”, expressou a sua indignação.

Moradores de rua esperam para pegar senha e receber refeição. (Foto: Henrique Kawaminami)
Moradores de rua esperam para pegar senha e receber refeição. (Foto: Henrique Kawaminami)

Um restaurante, que também é vizinho do Centro POP, já foi assaltado quatro vezes. Em janeiro, os assaltantes levaram toda a fiação do estabelecimento e uma semana depois retornaram no local e furtaram novamente a fiação que havia sido arrumada.

“Essa situação foi uma das coisas que influenciou a gente a não voltar a receber clientes aqui depois da pandemia, trabalhamos agora somente com delivery e às vezes temos problemas até com os entregadores que param aqui na frente, eles ficam o tempo todo pedindo comida, reclamam que a comida do Centro POP é ruim ou às vezes perdem o horário pro almoço”, disse a proprietária do restaurante, Maisa Gingrin.

O comércio está há 12 anos no local, mas Maisa conta que se sente insegura e por isso nos últimos dias trabalha apenas com o portão fechado. Durante a noite, a rua é usada como quarto, onde os moradores de rua têm relações sexuais, em outros momentos se torna banheiro. Por conta dessa situação, a empresária relata que antes de abrir o restaurante é preciso limpar a frente do estabelecimento, para que só assim consigam trabalhar.

A mesma situação é reclamada por Marli Espíndola, que mora na região há mais de 40 anos. “Aqui na rua, eles transam e amanhece cheio de camisinha. É um cheiro de droga que não sabemos identificar”, contou.

Cercas e câmeras de segurança são meios que moradores encontraram para se proteger. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cercas e câmeras de segurança são meios que moradores encontraram para se proteger. (Foto: Henrique Kawaminami)

Marli ainda relata que viu vizinhos que deixaram sua residência temporariamente, mas que preferiram não retornar para o local por conta das condições da rua. Ainda foi afirmado que os imóveis da região costumam ficar vazios por muito tempo e quando são alugados logo os inquilinos optam por mudar de casa.

Para aumentar a sua segurança, a moradora explica que aumentou a altura do seu muro e pretende instalar câmeras de segurança e cerca elétrica. A campainha da residência também perdeu utilidade, pois de tanto os moradores de rua tocarem, Marli deixou de atender. “A gente, que é proprietário, tem que ficar e aguentar. Não vejo a hora de eles [Centro POP] saírem daqui, deviam colocar o centro mais afastado. A rua está igual uma cracolândia com gente deitada usando droga. Quem passa por aqui à noite fica aterrorizada”, disse.

O Campo Grande News procurou a Prefeitura de Campo Grande para falar da situação, mas não recebeu nenhum retorno até a publicação desta matéria.

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