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Capital

Morto pelo Choque já foi condenado por homicídio e até fugiu de delegacia

O homem de 32 anos trocou tiros com a polícia após roubar uma Fiat Strada da empresa Solurb

Geisy Garnes e Aletheya Alves | 11/12/2021 09:29
Fita zebrada encontrada no portão da vítima nesta manhã marcava o local da troca de tiros. (Foto: Kísie Ainoã)
Fita zebrada encontrada no portão da vítima nesta manhã marcava o local da troca de tiros. (Foto: Kísie Ainoã)

Cleyton Pereira de Lima, morto em confronto com policiais do Batalhão de Choque, na madrugada deste sábado (11), já foi condenado a 18 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado e ainda protagonizou fuga das celas da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) em 2017.

O homem de 32 anos foi ferido em troca de tiros com a polícia, após roubar uma Fiat Strada da empresa Solurb, na Avenida Bandeirantes. A ficha criminal de Cleyton, no entanto, começa anos antes, quando ainda era adolescente. Os primeiros crimes registrados são uma violação de domicílio e lesão corporal.

Aos 18 anos, ele se torna autor de homicídio. No dia 5 de fevereiro de 2008, no Jardim Los Angeles, Cleyton esfaqueou Maria Aparecida Marques da Silva várias vezes, após uma discussão. Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual, o crime aconteceu quando o rapaz invadiu a casa da vítima para furtar um aparelho de som.

O plano seria vingança por anteriormente ter tido R$ 20 furtado por Maria. Quando entrou na residência, no entanto, foi surpreendido por ela, que ameaçou contar ao pai dele sobre a invasão. Ele deixou o local, mas voltou pouco depois e começou uma briga com a moradora.

Durante a discussão, sacou uma faca e atacou a vítima. O primeiro golpe foi dado pelas costas, na altura do pescoço. Maria teria caído neste momento e continuou a ser golpeada por Cleyton até a lâmina da faca quebrar e ficar presa em seu corpo.

Nem isso foi empecilho para o acusado parar. Sem ter como usar a faca novamente, pegou um facão e continuou a atacar o corpo de Maria. Só então fugiu. Julgado pelo Tribunal do Júri, Clayton foi condenado a 18 anos de reclusão por homicídio duplamente qualificado. Cumpriu pena em presídio fechado até 2016, quando ganhou a progressão de regime e foi para o semiaberto.

De volta das ruas, foi preso por porte ilegal de arma. O flagrante aconteceu em fevereiro de 2017 e, na época, Cleyton foi levado para a Depac Centro. Lá, ele e outros dois presos conseguiram abrir a fechadura da cela com uma chave micha e fugiram pela garagem da delegacia.

O fugitivo só foi recapturado em julho, quando foi detido por receptação. Por esse crime, no entanto, acabou absolvido por falta de provas. Já pelo porte de arma, foi condenado a 2 anos de reclusão em regime fechado, recorreu da sentença e, mais uma vez, ganhou o direito de cumprir pena no semiaberto. A decisão é de 2018.

No Jardim Tijuca – Cleyton foi morto em casa, na Rua Javaés, esquina com a Cabo Verde, no Jardim Tijuca. Nesta manhã, o clima na região ainda era de tensão diante do episódio.

“Foi de madrugada. Já tava dormindo, aí meu marido me chamou, ‘levanta, levanta, tá cheio de polícia'. O portão estava aberto, cheio de polícia em volta. Eles pensaram que alguém podia ter ido pulando muro, aí olharam de baixo das camas, mas não acharam”, narra uma das moradoras da rua, de 55 anos.

A mulher, que preferiu não se identificar, relatou ainda que a casa de Cleyton era movimentada, sempre com várias pessoas “entrando e saindo”. Enquanto a equipe de reportagem estava no local, um rapaz se aproximou e pediu para a jornalista deixar o local e não tirar foto. "Já mataram meu padrasto aí. Não tem nada que vai trazer ele de volta". O homem não se identificou.

O crime – De acordo com o registro policial, funcionário da Solurb estava no veículo e parou na região da Avenida Bandeirantes, quando uma Blazer escura parou ao lado. Segundo o relato do rapaz, um homem de camiseta escura e boné saiu do veículo e foi em sua direção com um revólver, já anunciando o assalto e colocando a arma em sua cabeça.

O assaltante pediu que o rapaz saísse do carro e entregasse celular e carteira. O trabalhador desceu do veículo e Cleyton colocou a arma em sua barriga, pegou a carteira e mandou que ele se afastasse. O criminoso entrou no carro e fugiu, sendo acompanhado pelo motorista da Blazer.

Ainda conforme o boletim de ocorrência, o funcionário da Solurb saiu andando e encontrou alguns moradores da região, que emprestaram o celular para que ele pudesse ligar para a polícia. Equipe da PM (Polícia Militar) foi ao local e começou as buscas pelos criminosos.

Em uma casa na Rua Javaés, esquina com a Cabo Verde, no Jardim Tijuca, o rapaz, ao ver os policiais chegando, deu um tiro. A equipe revidou a agressão e acabaram atingindo o criminoso. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Regional, onde não resistiu e morreu momentos depois.

Na casa de Cleyton, foram apreendidos os dois veículos – a Strada e a Blazer – e um revólver calibre 38.

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