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Capital

Motorista denuncia ameaça e humilhação do coordenador do Samu

Graziela Rezende | 10/03/2014 06:10
Motorista do Samu não teme retaliação e expõe problemas enfrentados em serviço de emergência
Motorista do Samu não teme retaliação e expõe problemas enfrentados em serviço de emergência

Prestes a completar dez anos como motorista concursado da Prefeitura Municipal de Campo Grande, Emérson Odair Minhos Scher, 34 anos, diz enfrentar uma decepção. Após alertar sobre grave problema mecânico de uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e sugerir o conserto imediato do veículo, ele conta que passou a enfrentar uma série de ameaças e humilhações. Inclusive, acabou rebaixado de cargo, com perda salarial de R$ 1,2 mil mensais.

“No dia 28 de outubro de 2013, assumi o serviço e o primeiro chamado foi para transportar o paciente de uma unidade de saúde do bairro Tiradentes para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitária. No entanto, logo que manobrei a ambulância, constatei que o volante estava duro, impossível de dirigir. Então entrei em contato, via rádio, informando que a viatura tal, placa tal, estava pifada”, conta o motorista.

O responsável pelo setor de transporte do Samu, Hélio Lopes, foi informado do fato. “Ele sempre chegava às 7h30, mas naquele dia pediu para eu tentar levar o carro até o pátio, que entraria mais cedo e ele avaliaria o problema. Ao ligar a chave e ver que não conseguiria dar nem uma volta na quadra, ele me exigiu para ‘baixar’ o carro e providenciar o conserto”, conta Emérson.

Já na oficina, localizada no Jardim Paulista, o motorista disse que recebeu a ligação do coordenador do órgão, Luiz Antônio Moreira da Costa, o Tonhão. “Ele exigiu que eu fosse embora do local, mesmo informando que o mecânico já tinha começado o serviço e que disseram que o problema era sério, sendo que ficaria pronto somente no outro dia. Dizia: Sai daí e vai trabalhar você não quer trabalhar!”, conta o motorista.

Na mesma manhã, para não ficar parado, Emérson disse que se dirigiu a base do bairro Coronel Antonino. “Fiquei à disposição e fiz viagens com outro motorista, inclusive ajudando como socorrista, já que fiz o treinamento, provas e tenho a formação para isso. Neste período, o Luiz Antônio insistiu nas ligações e disse que, caso eu não pegasse o paciente, era para eu buscar os uniformes na minha casa e me dirigir a base para devolver”, relembra o motorista.

No outro dia, já no seu atual posto de trabalho, onde também se encontra o coordenador, Emérson detalha as humilhações que sofreu. “Ele me chamou pontualmente às 8h para uma reunião em sua sala. Foi quando agrediu verbalmente os vereadores e assessores de parlamentares, sem me falar o motivo. Assim que terminou, se levantou para chamar outras cinco pessoas e nesse intervalo eu aproveitei para ligar o gravador do meu telefone celular”, conta o motorista.

Minutos depois, chegaram ao local a enfermeira do Samu Keith Ferreira e o coordenador do setor de transportes, Hélio Ferreira, de acordo com a vítima. “Ele continuou com as ameaças, me mostrou papéis e ainda disse que eu tinha duas opções: ou assinar um papel informando sobre uma sindicância ou então, no outro documento, aceitar as condições de ser transferido para outro setor”, alega o motorista.

Émerson não aceitou assinar os papéis e, no outro dia, entrou em férias. Ele permaneceu todo o mês de novembro em casa, sendo que cinco dias antes de retornar ao serviço recebeu uma ligação que o deixou decepcionado. “Eles disseram que não trabalharia mais no Samu e sim ficaria como responsável pela manutenção no Sesau. O meu salário diminuiu de R$ 2,3 mil para R$ 1,1 mil mensais”, lamenta o motorista.

Casado e ansioso com a chegada do segundo filho, Emérson diz que a sua vida agora se resume a “dirigir e entregar documento”. Tamanha indignação já é de conhecimento do Poder Público. Com o apoio da Justiça Pública, ele aguarda o resultado de uma ação cível por danos morais e criminal, pelo assédio e injúria, além do pedido de indenização.

A reportagem entrou em contato com coordenador do Samu, Luiz Antônio, para falar sobre o caso. Em poucas palavras, ele apenas disse que a denúncia não deveria ter sido feita para a imprensa e sim à Secretaria Municipal de Saúde, finalizando com um boa tarde e desligando o telefone em seguida.

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