Apostas movimentam R$ 30 bilhões mensais, estima presidente do BC
Ouvido pela CPI, Gabriel Galípolo alertou sobre impacto financeiro das bets nas famílias brasileiras

O Banco Central informou nesta terça-feira (8) que as apostas on-line movimentam entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês no Brasil em 2025. O presidente da instituição, Gabriel Galípolo, apresentou os dados durante reunião da CPI das Apostas no Senado, que investiga os impactos do setor na saúde financeira das famílias. A audiência foi realizada em Brasília.
Galípolo afirmou que a fiscalização das apostas é responsabilidade do Ministério da Fazenda. Ele explicou que o Banco Central só atua depois que a SPA (Secretaria de Prêmios e Apostas) comunica quais empresas estão autorizadas. A partir dessa notificação, as instituições financeiras recebem a orientação de bloquear transações com plataformas não autorizadas.
A senadora Soraya Thronicke (Podemos), relatora da CPI, afirmou que várias instituições de pagamento são abertas apenas para atender apostas ilegais. Ela pediu a Galípolo sugestões para mudar a legislação e responsabilizar essas empresas. Segundo Soraya, "os crimes mais comuns nesse tipo de operação são lavagem de dinheiro e envio irregular de valores ao exterior".
Galípolo afirmou que o setor operou por cinco anos sem regulamentação. Ele lembrou que a Lei 14.790, aprovada em 2023, entrou em vigor por completo em janeiro de 2025 e passou a exigir regras para apostas esportivas e jogos de azar on-line, como o chamado Jogo do Tigrinho.
O secretário-executivo do Banco Central, Rogério Lucca, explicou que a regulamentação obriga as operadoras a manter uma conta bancária específica e a se identificar por meio do CNAE, código que classifica a atividade econômica. Ele também citou um estudo feito pelo BC em 2024 que mostrou que R$ 3 bilhões do Bolsa Família foram usados em apostas por meio do Pix.
Galípolo declarou que apostar sem autorização não configura, por si só, crimes como lavagem de dinheiro. No entanto, quando há indícios, o Banco Central fiscaliza as instituições envolvidas e pode encaminhar os casos ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), ao Ministério Público ou à Polícia Federal.
Juliana Sandri, chefe do Departamento de Supervisão de Conduta do Banco Central, destacou ações de educação financeira promovidas pela autarquia. Segundo ela, o órgão atua com o programa Aprender Valor em escolas, firmou parcerias com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e usa redes sociais para alertar que aposta não é investimento.
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