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Capital

MP vai ouvir testemunhas de acidente envolvendo esposa de procurador

Os policiais que atuam com o integrante do Ministério Público já prestaram depoimento

Marta Ferreira e Luana Rodrigues | 15/09/2017 17:17
O procurador Gilberto Robalinho no local do acidente. (Foto: André Bittar)
O procurador Gilberto Robalinho no local do acidente. (Foto: André Bittar)

O procurador-chefe do MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Paulo César Passos, vai convocar para depor testemunhas do acidente que matou uma idosa de 91 anos, e que envolveu a esposa do procurador Gilberto Robalinho. O integrante do MP teria ordenado a retirada do veículo do lugar do acidente, o que é ilegal, por se tratar da cena de um crime.

Gilberto Robalinho também vai ser ouvido, como parte do procedimento de investigação aberto pela Procuradoria Geral do MP. Passos não informou quando vai ouvir tanto o procurador, quanto as testemunhas.

Nesta quinta-feira (14), o chefe do MP já ouviu os policiais militares aposentados que trabalham com o procurador de Justiça e que estavam na cena do atropelamento, segundo testemunhas. Foi um deles que, ainda segundo os relatos no local, tirou o carro do lugar onde o acidente ocorreu. Nenhum dos militares foi identificado.


Ao Campo Grande News, Paulo Passos disse que já está claro que “houve um erro”. Mas, foi cauteloso, sobre a participação do procurador no episódio. “O carro não poderia ter sido retirado do local? Isso é fato. Houve uma determinação do membro do MP para retirar esse carro? O policial fez isso porque quis? Houve uma confusão? Eu não sei. Preciso averiguar”, disse.


O episódio pode se transformar em duas investigações, uma penal e outra disciplinar, caso o MP identifique neste primeiro procedimento de investigação, indícios de que o procurador ordenou a retirada do carro da esposa do local do acidente.

Na penal, se ficar constatado que o procurador mandou retirar o carro do local, ele pode responder por fraude processual, crime com pena prevista de até dois anos, que normalmente nem chega a virar processo.

A outra investigação é administrativa e pode gerar punição pela Corregedoria do MP a Robalinho. Neste caso, segundo Paulo Passos, a pena máxima prevista é de suspensão de até 30 dias.

Como foi 

O acidente ocorreu por volta de meio-dia e meia de quarta-feira (13 ), na Rua José Nogueira Vieira, no Bairro Tiradentes. A motorista de um Fiat Uno, Cirlene Lelis Robalinho, 48 anos, invadiu calçada e matou a idosa Verônica Fernandes, de 91 anos. Ela é esposa do procurador Gilberto Robalinho da Silva.

Ainda no local, parentes da vítima ficaram revoltados afirmando que o procurador mandou tirar o carro do lugar. A equipe do Campo Grande News presenciou a cena e fotografou um homem ao lado do veículo envolvido, já fora da calçada. 

A delegada que foi ao local, Célia Maria Bezerra, informou que abriria investigação sobre fraude processual, que é a mudança da cena de um crime. Por se tratar de um procurador, que tem foro privilegiado, a investigação em relação a ele passa a ser no MPE. 

No depoimento à Polícia Civil, a esposa de Gilberto Robalinho disse ter sofrido um "apagão" na hora do acidente. Pelo menos uma testemunha, porém, afirma que ela falava ao telefone.

Robalinho, no dia do acidente, disse à equipe do Campo Grande News que a esposa estava muito nervosa e o chamou ao local. Depois que a situação da retirada do carro foi relevada, a equipe tentou falar com ele em seu gabinete, mas não houve retorno.

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