MPE é contra levar à esfera federal caso de PRF que matou no trânsito
Com os argumentos de que o crime foi em via municipal, fora do horário de expediente e cidade de atuação, o MPE (Ministério Público Estadual) é contra a transferência do processo do policial rodoviário federal Ricardo Moon, que matou um comerciante após briga no trânsito em Campo Grande, para a Justiça Federal.
Nomeado de exceção de suspeição, a medida da defesa para que o processo deixe a 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital tramita desde a última sexta-feira (dia 12) e ainda não teve decisão do juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida.
No pedido, o advogado Renê Siufi alega que o PRF estava a caminho do trabalho, quando se deparou com um flagrante. Como ele é um servidor federal, somente a Justiça Federal poderia julgá-lo.
Siufi argumenta ainda que mesmo que Moon não estivesse no trajeto para o trabalho, é dever constitucional do policial a abordagem de pessoas e veículos em atitude suspeita. Para o promotor José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, as atibuições da PRF (Polícia Rodoviária Federal) são em vias de domínio da União. De acordo com ele, o que motivou a abordagem do policial não foi a sua atribuição profissional, mas uma briga banal de trânsito.
O comerciante Adriano Correia do Nascimento, que conduzia uma caminhonete Toyota Hilux, foi morto na madrugada de 31 de dezembro de 2016, um sábado, na avenida Ernesto Geisel. O policial Ricardo Moon foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, passageiros da caminhonete.
O PRF foi preso em 31 de dezembro e solto no dia seguinte. No dia 5 de janeiro, voltou a ser preso e deixou a prisão no dia primeiro de fevereiro. Ele é monitorado com tornozeleira eletrônica.
Na versão do policial, que era lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária de Campo Grande, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e fez a abordagem após ter sido fechado.
Confusões – O crime no trânsito se desdobrou em várias polêmicas, como o horário de fato em que o policial foi preso, como chegou à delegacia totalmente fardado, se no local do crime usava camiseta listrada. Por fim, dois maçaricos, semelhantes a revólver, foram encontrados na caminhonete do morto, que está apreendida, após duas perícias não ter avistado os objetos.