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Capital

MPMS teme colapso e não descarta pedir quarentena na Justiça

Em coletiva junto com MPF e MPT, promotora disse que sem ajuda da população colapso da Saúde ocorre em agosto

Izabela Sanchez | 01/07/2020 12:00
MPMS teme colapso e não descarta pedir quarentena na Justiça
Centro de Campo Grande após uso de máscara se tornar obrigatório (Foto: Henrique Kawaminami)

A curva crescente da covid-19 em Mato Grosso do Sul preocupa MPMS (Ministério Público Estadual), MPF (Ministério Público Federal) e MPT (Ministério Público do Trabalho. As instituições fizeram coletiva em vídeo nesta quarta-feira (1), em que “clamaram” pela consciência da população para uso de máscara e distanciamento. Apesar disso, o MPMS não descarta pedir quarentena mais rígida na Justiça.

É o que afirmou a titular da 32ª Promotora de Justiça de Defesa da Saúde Pública, Filomena Aparecida Depólito Fluminhan. Ela citou a medida em meio aos já confirmados 8.676 casos de covid em Mato Grosso do Sul, 2.491 deles em Campo Grande.

Ao falar da taxa de contágio nos meses anteriores, a promotora destacou o crescimento geométrico da curva a cada mês. Filomena disse que a medida será tomada se os indicadores de contágio derem base técnica à ação e se a tentativa de que o município adote a medida não for acatada.

“Se a população não aderir a essas medidas de distanciamento, o MPE será obrigado a adotar medidas, se não forem consensuais com o município, para retomar regras rígidas”, disse.

As medidas de quarentena comentou, abrangem “os setores sociais e econômicos”. A promotora não citou lockdown, quando todos os serviços essenciais são fechados e a população não pode sair de casa.

“Nós não gostaríamos de adotar porque sabemos que são medidas que prejudicam o setor econômico, mas ele será muito mais prejudicado se perdemos muitas vidas e também com o impacto dos profissionais que se afastam para tratamento de saúde. Então será sim uma medida necessária do ponto de vista do MPE”, disse a promotora.

Colapso – Os representantes das três instituições de fiscalização disseram que, se os números crescerem da forma como hoje crescem, e a população continuar a agir como se nada estivesse acontecendo, o colapso da saúde é eminente e esperado para o mês de agosto.

Filomena citou que hoje a taxa de ocupação de leitos no SUS (Sistema Único de Saúde) em Campo Grande alcança os 69%, conforme o boletim divulgado pela SES (Sistema Único de Saúde) nesta quarta. Dourados têm 61% de ocupação dos leitos públicos, Três Lagoas, 54% e Corumbá, a mais preocupante, tem 70% dos leitos do SUS ocupados.

Destacaram, ainda, que não é possível "estar tranquilo”com relação à saúde privada. “Esses números, temos que avaliar do ponto de vista concreto, estamos falando só de leitos SUS. Campo Grande tem outros 33 municípios, quase 900 mil são só da nossa Capital. É muito preocupante”, disse a promotora.

Eles deixaram bem claro que “a situação confortável do início não existe mais”, ao elogiarem a quarentena rígida adotada em Campo Grande em abril, mas que pode voltar muito em breve.

“A população deve prestar atenção na mensagem que buscamos passar. Todos os esforços estão sendo feitos, mas como estávamos acostumados a ver o nome do MS em último colocado na lista de contágio do país, ficamos naturalmente mais dispostos a voltar à rotina normal”, comentou Cândice Gabriela Arósio, Procuradora-Chefe do Ministério Público do Trabalho.

Falta ciência para entender – Procurador do MPF em Campo Grande, Pedro Gabriel Siqueira Gonçalves disse que ainda é muito cedo para fazer estimativas otimistas sobre o comportamento do vírus. “Eu gostaria de frisar que o momento que vivemos é de incerteza e desconhecimento científico, mas somos desafiados a proteger um bem tão claro como é a saúde pública”, comentou.

“Não se tem medicamento e vacina. Pouco se sabe como é a difusão do novo coronavírus. A única certeza, se é possível falar, é que o isolamento, distanciamento social, ele freia o contágio”, afirmou ele. Pedro destacou que é preciso se sensibilizar agora “com a morte de desconhecidos e não quando um parente próximo morrer”.

Nesta quarta, até o momento, são 86 mortos em Mato Grosso do Sul pela covid-19.

Para o procurador, a quarentena foi flexibilizada porque os gestores esperaram responsabilidade e maturidade das pessoas, o que não ocorreu. Os três pediram que as pessoas fiquem em casa quando puderem, com exceção dos que precisam se deslocar ao trabalho e destacaram o uso irrestrito de máscara ao sair de casa e em qualquer espaço compartilhado fora de casa.

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