Mulher pode ter sido torturada por companheiro para confessar incêndio criminoso
Mulher confessou à polícia que colocou fogo na casa em que estava o garçom Wilkisson Figueiredo, 28 anos; insegurança no relato e testemunho do menino colocam em dúvida a versão
A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) irá investigar se o ex-pastor José Ronaldo Amorim Lopo de Almeida, 30 anos, torturou a mulher e a obrigou a confessar que colocou fogo na casa no bairro Zé Pereira, no dia 11 de abril. A agressão a ela teria sido presenciada por um dos filhos, de 4 anos.
Na casa, estava o garçom Wilkisonn Danillo Barbosa Figueiredo, 28 anos, que teve 75% do corpo queimado e está internado em estado grave na Santa Casa de Campo Grande.
José Ronaldo foi preso na terça-feira (16), quando foi à polícia em Ribas do Rio Pardo comunicar que os documentos dele e da esposa foram queimados. Durante esse tempo, a mulher estava com ele, mas que essa permanência teria sido forçada, segundo a polícia.
A delegada Joilce Silveira Ramos disse que a mulher confessou ter colocado fogo na casa, mas acredita que ela tenha sido influenciada pelo marido. “Ela está querendo aliviar as coisas para ele”.
A versão ganha força para a polícia por conta da insegurança dela em relatar o que aconteceu e pelo fato de ter sido encontrada com cabelos curtos, quase careca. O filho dela, de 4 anos, disse que foi José Ronaldo quem cortou, usando um facão. A mulher negou, alegando que estava em depressão e cortou os cabelos.
Relato semelhante foi feito por uma vizinha do casal, que não quis ter identidade revelada. Ela disse ao Campo Grande News que as brigas eram frequentes. “Eu sempre escutava ela pedindo ‘socorro’ e ‘pelo amor de Deus’. Sempre que ele batia nela ele cortava o cabelo dela ‘de faca’.
Segundo Joilce, em depoimento informação, a vítima confirmou que foi José quem jogou líquido na casa, jogou fósforo e trancou a porta para que Wilkisonn não saísse. A motivação ainda está sendo apurada. O garçom é dono do imóvel que o casal alugava.
A delegada explicou que a proximidade com o marido, em Ribas, intimida a mulher e, por isso, ela será interrogada em Campo Grande. Por enquanto, ela está detida para averiguação, já que não há mandado de prisão expedido contra ela. A criança esta sob cuidados da assistência social.
O homem será transferido posteriormente para um presídio na Capital.