Na busca por auxílio emergencial, o retrato de quem vive a incerteza do dinheiro
Pessoas procuram o Cras, mas esses centros não fazem atendimento para esse tipo de auxílio, porque todo cadastro é digital
O Cras (Centro de Referência de Assistência Social) do bairro Guanandi, sudoeste de Campo Grande, amanheceu lotado nesta quarta-feira (8), movimento provocado pelo programa de auxílio emergencial aos mais afetados pela retração econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Os Cras não são responsáveis pelo benefício, mas muitos recorrem ao órgão por não entender direito como o processo deve ser feito nos canais digitais do governo federal.
Quem tiver dúvidas, pode procurar a Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande), que tem equipe preparada para ajudar no cadastro ao programa de auxílio emergencial, com orientações sobre como acessar o site ou no aplicativo disponibilizado pela Caixa. A Funsat fica na Rua 14 de Julho, 992, Vila Gloria, e atende também pelos telefones (67) 4042-0585 e (67) 3314-3089.
Vale lembrar que as Incubadoras também estão auxiliando na orientação sobre o cadastro do auxílio emergencial. Confira os endereços clicando aqui.
Retrato - Mas a fila por informações do Cras serve para desenhar o retrato de gente que vive de bicos, sem renda fixa ou que perdeu o pouco que tinha na esteira da crise.
Os Cras estão atendendo as solicitações de benefício eventual conforme legislação específica. Nesse momento de emergência, são os kit natalidade e segurança alimentar (cesta básica).
Em realização aos atendimentos de CAD Único: famílias com benefício cancelado em março de 2020, emergência relacionadas ao BPC, consulta e orientação via telefone sobre o NIS; Auxílio Emergencial, informações presencial e por telefone, como por exemplo ajuda pra fazer cadastro no aplicativo.
Os Centros também não fazem o registro de quem procura o benefício - ferramenta disponível somente no site auxilio.caixa.gov.br e no aplicativo Auxílio Emergencial/Caixa.
Sem oportunidade de trabalho desde o início da crise, a diarista Lucia Pinheiro Rocha, 50 anos, já recebe o Bolsa Família e foi informada no Cras que terá direito ao auxílio emergencial dobrado, no valor de R$ 1,2 mil por mês, durante três meses. O bônus é dado às mães chefes de família.
Pintor, Eloir Bogarim, 64, não consegue trabalho há um ano e vive com R$ 90,00 por mês de Bolsa Família. “Idoso não vale nada no Brasil”, lamenta. Beneficiário do programa de distribuição de renda e com dados cadastrais atualizados, ela terá direito ao auxílio emergencial.
Autônomo, João Carlos Nogueira, 43, também vai receber a renda mínima. Ele tinha inconsistências no CadÚnico, que foi atualizado no Cras Guanandi.
Haitiano, Miscal Elucien, 30, foi até o centro para saber se a esposa seria contemplada pelo programa. Ela está no CadÚnico há três meses, mas ainda não recebe o Bolsa Família. Com renda zero, o casal tem um filho recém-nascido. “Estou há cinco anos no Brasil, mas nunca tinha passado por uma dificuldade como essa”, diz.
No caso do desempregado Mário Balbueno, 60, que não recebe nenhum benefício social e tampouco está registrado no CadÚnico, a orientação foi fazer o cadastro no auxilio.caixa.gov.br ou aplicativo para saber se será contemplado pelo auxílio emergencial. Ele trabalhava na construção civil, mas, com o avançar da idade, também acabou descartado do mercado e hoje vive em incerteza financeira.
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