Na Capital, 79% dos presos em flagrante não concluíram ensino básico
Além da baixa escolaridade, análise da Defensoria revelou que 85% possuia renda inferior a 2 salários mínimos
Levantamento feito pela Defensoria Publica de Mato Grosso do Sul entre março e agosto de 2021, aponta que maioria das pessoas que passaram por audiências de custódia em Campo Grande, não tinham concluído a educação básica.
No total, foram analisados perfis de 1.350 pessoas, destas, 79% não concluíram a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Os dados revelam ainda que 88% foram presas por crimes cometidos sem violência ou grave ameaça e 70% eram primários.
“Cerca de 50% das pessoas presas não tinham sequer o ensino fundamental completo ou simplesmente não haviam estudado. Isso reflete uma realidade de baixíssima escolaridade entre os custodiados”, detalhou o defensor público e coordenador do Nucrim (Núcleo Criminal da Instituição), Gustavo Henrique Pinheiro Silva.
Em relação a renda do público analisado, 20% estavam desempregados, 21% tinham renda menor do que 1 salário mínimo e 44% ganhavam entre 1 a 2 salários mínimos. Apenas 11% tinham renda superior a 2 salários mínimos, e os demais 4% não informaram a renda. “Com isso, temos que 85% dos custodiados tinha renda igual ou inferior a 2 salários mínimos”, revela o defensor público.
Diante dos dados assustadores, o defensor ressalta que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação destaca que a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando e assegurar a formação para o exercício da cidadania.
“A interrupção dos estudos, ainda na fase da educação básica, pode ter por consequência a formação insuficiente do indivíduo em sua condição humana, compreensão dos valores que fundamentam a vida em sociedade, a formação ética e o pensamento crítico”, finaliza.