Na Capital, trânsito reserva uma hora e meia de “inferno” no fim do dia
Excesso de veículos, filas duplas e até falta de cortesia são cenas comuns no início da noite em vias como a Afonso Pena, Ceará e a Ricardo Brandão
Das 17h às 18h30, com alguns minutos a mais ou menos. Esse intervalo de cerca de uma hora e meia é tratado como “um inferno” por motoristas que precisam passar por vias importantes que ligam o Centro a bairros das regiões leste e sudeste de Campo Grande. Excesso de veículos nas ruas, filas duplas em escolas ou outros estabelecimentos e a falta de cordialidade entre motoristas e motociclistas tornam poucos quilômetros em um trajeto demorado.
Trafegar por avenidas como a Afonso Pena e Ricardo Brandão ou pela rua Ceará, bem como por suas vias adjacentes, vêm se tornando um exercício de paciência cada vez mais longo, exigindo estratégias para fugir do fluxo –ou melhor, da paradeira.
“Tento sempre fugir, porque desde a (rua) Antônio Maria Coelho até aqui na Afonso Pena o trânsito fica parado neste horário”, afirma o administrador de empresas Flávio Rafael, que na tarde desta terça-feira (12) não conseguiu escapar do tráfego na rua Alagoas para seguir rumo à saída de Três Lagoas, onde vive. Antes dele, o condutor de um Fiat Palio já apontava a demora. “São de 10 a 15 minutos por dia aqui”.
A situação não melhora após o cruzamento da Alagoas com a Afonso Pena –onde a lentidão começa ainda próximo à avenida Calógeras, a cerca de 2,5 quilômetros rumo ao Centro, e nos últimos tempos têm piorado nas imediações do Shopping Campo Grande. “Aqui não tem um dia que não fica assim. E piora quando tem acidente”, afirma a secretária Pauliane Roriz, enquanto seguia em seu carro rumo ao Carandá Bosque.
Na quinta-feira (7), um engavetamento por volta das 18h30 fechou duas das três pistas da avenida. Durante cerca de meia hora, o tráfego até a rua Goiás praticamente não andou.
Ceará – Na rua Ceará, no trecho sob o pontilhão da avenida Afonso Pena, congestionamentos viraram rotina para motoristas, indo além dos arredores do campus da Uniderp –a avenida Eduardo Elias Zahran e a rua Joaquim Murtinho, naquela região do Miguel Couto e do São Lourenço, também registram tráfego parado, em especial nas rotatórias das vias.
Na Ceará, porém, os agravantes estão em conversões irregulares à esquerda feitas por condutores, rumo ao bairro Chácara Cachoeira. Não é incomum observar carros atravessando a pista bairro–centro da rua e forçando paradas, até mesmo bruscas, a fim de se evitar colisões.
Para fugir do sufoco, valeu até a escolha, óbvia para alguns, por um transporte mais ágil. “De carro não tem como vir, senão fica preso no trânsito. A moto agiliza um pouco, mas tem de cuidar para não baterem”, afirma o técnico em informática José Eduardo Dias, em uma breve parada no semáforo da Ceará com a 15 de Novembro, antes de seguir rumo ao Rita Vieira.
Ricardo Brandão – Nesta terça, um movimento tido por alguns como incomum praticamente travou o trânsito na avenida Ricardo Brandão, prolongamento da Fernando Corrêa da Costa e que ajuda na ligação entre o Chácara Cachoeira e a avenida Ernesto Geisel. Ao menos até a rua Itaquiraí, o tráfego ficou praticamente paralisado por volta das 18h.
O volume de veículos chamou a atenção de, pelo menos, dois motoristas. “Queria saber o que está acontecendo”, afirmou a condutora de um Fiat Uno, antes de avançar para aproveitar mais alguns metros de pista limpa à frente, fruto do avanço do carro à sua frente. No local, ao menos nesta tarde, não houve acidentes.
Um igual número de condutores, porém, afirmou que os congestionamentos ali são frequentes. “Aqui até as 18h30 é assim todo o dia, principalmente a partir do viaduto da Ceará”, afirmou um condutor, que preferiu não se identificar, que seguia rumo ao Tiradentes. “É um inferno nesse horário”, prosseguiu o motorista, que usou o trajeto ao longo de todo o ano de 2017 e, há cerca de três meses, voltou a circular na região.
Na rotatória da Ricardo Brandão com a rua Jeribá e a avenida Arquiteto Paulo Coelho Machado –que distribuiu tráfego para o Flamboyant e a região do shopping–, o avanço de veículos depende da agilidade dos condutores ou, de forma mais rara, da cortesia dos motoristas que permitem a outros circularem no trecho.
“Aqui todo o dia o trânsito fica assim”, afirma o atendente Paolo Rodrigo, que há um ano disse ter visto um caminhão arrancar a placa de “Dê a Preferência” do cruzamento na Ricardo Brandão. O que, reforça, não influenciou tanto nos acidentes. “Acontece bastante, há uns dois dias um motociclista foi fechado e caiu”, emendou o vendedor Paulo Lopes.
Apesar do fluxo, há ainda alguma cortesia: condutores param constantemente na faixa elevada em frente à Câmara para pedestres avançarem –algo menos comum, por exemplo, no cruzamento da rua 15 de Novembro com a Ceará onde, mesmo com faixas de pedestres nesta última, condutores mergulham em alta velocidade para efetuarem conversões.