Na favela, frio piora diante da falta do básico e é sinônimo de mais preocupação
As baixas temperaturas vêm para lembrar que é preciso se virar como pode não só em questão de alimentação
O que para uns é motivo de comemoração, para outros a chegada do frio é sinônimo de preocupação. Para quem mora na Favela do Morro do Mandela, localizada ao longo da rua Elmira Ferreira de Lima, região do bairro Isabel Garden, em Campo Grande, por exemplo, as baixas temperaturas vêm para lembrar que é preciso se virar como pode não só em questão de alimentação, mas também com roupas e lonas para tentar conter o ar gelado dentro dos barracos.
De cara já é possível notar que o frio mudou a rotina de quem vive nas favelas, local que sempre tem crianças correndo e brincando, com a baixa temperatura registrada na manhã deste domingo (22), 18°C pela manhã, o cenário era de becos vazios e portas dos barracos fechadas.
As 175 famílias que moram na comunidade precisam de todos os tipos de doações, principalmente, com a chegada do frio e fazem o que podem para sobreviver com o pouco que ganham. Ali a renda mensal varia de R$ 150 a R$ 300.
Sandra Micaela do Reis, 33 anos, mora com os cinco filhos de 17, 13, 9, 6 e 3 anos. Ela conta que para driblar o frio só mesmo dormindo todos juntos na mesma cama para conseguir se esquentar. Comprar roupas de frio é luxo. “Está bem complicada a situação. No frio é todo mundo junto na cama”, conta. O pouco que tem de casaco para os filhos vem de doações, já que ela vive com apenas R$ 300 mensais para poder colocar comida na mesa.
Mas ela também se lembra da realidade de outras famílias que moram ali, muitas delas o barraco molha e como também já começou o período das chuvas na Capital, esse é mais um problema a ser enfrentado. “Precisamos muito de doações de lonas e cobertores. Qualquer doação é bem-vinda”.
A cabeleireira Samara Elias, 49 anos, contou que está sem trabalho no momento e a única renda que tem vem de vendas de roupas e calçados usados. “Estou sem renda mensal. Com a chegada do frio piorou a situação, estou morando de favor em barracos de amigos. São as doações que nos fortalecem”, conta.
Vivendo apenas com R$ 150 por mês, o pedreiro Jorge Cristiano de Sousa Araújo, 63 anos, se viu sem serviço desde quando começou a pandemia e precisa, como ele diz, economizar e fazer malabarismo para o dinheiro render até fim do mês. “A situação não está boa, serviço está difícil, temos que nos contentar com isso (valor do auxílio emergencial que recebe)”.
“Economizo, principalmente no gás que está muito caro, faço apenas uma refeição ao dia ou então um lanche para não usar muito o gás, tem que fazer render. O restante do dinheiro vou separando para comprar alimentos ao longo do mês”, diz.
Quem se interessar em doar roupas de frio, cobertores e lonas podem entrar em contato com a Sandra que também faz parte da liderança da Favela do Mandela, pelo telefone (67)99333-7025 (apenas WhatsApp).
Mais frio- O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu alerta de declínio de temperatura entre 3°C e 5°C em Mato Grosso do Sul, o aviso com grau de perigo potencial termina às 10h desta segunda-feira (24).
A temperatura mínima em Campo Grande deve chegar a 12°C e a máxima de 22°C. O dia deve permanecer com poucas nuvens e ventos fracos a moderados, conforme o Inmet.