Na guerra tudo se torna cinza, diz refugiado acolhido no Brasil
Jovem relata como foram os dias de guerra, a saída da zona de conflito e o refúgio
Deixar tudo para trás, levando somente uma mala pequena com roupas e uma mochila com os documentos pessoais mais importantes. Isso resume o que o ucraniano Oleg Kukhtinov, de 32 anos, tem vivido desde que saiu do País, assolado pela guerra, e veio para o Brasil, sendo hospedado por amigos desde então.
No País, depois de uma verdadeira jornada, ele se recusa a se ver como uma vítima dessa tragédia da guerra. Ele recebeu um visto humanitário para permanecer no País.
Oleg é tradutor, intérprete e professor de idiomas e sua fluência com línguas fez com que tivesse amigos e alunos no Brasil. Quando saiu do país, enfrentou uma jornada em busca de uma opção de partida. Os amigos brasileiros ofereceram ajuda financeira para a vinda.
Fuga - A vinda para o Brasil não foi a primeira jornada de Oleg para fugir da guerra. Ele vivia perto da região onde ocorre o conflito. Quando os bombardeios começaram, eles tinham alvo certo, os potenciais locais de guarda de armamentos, o que permitiu que as pessoas tentassem ter alguma rotina, como ir ao mercado.
Quando a situação se acirrou, Oleg precisou sair de casa com a família e o cão de estimação. Primeiro ficaram alguns dias em um bunker antigo, da 2ª Guerra. Decidiram ir adiante, afastarem-se da zona de guerra. Na nova cidade, criaram uma rotina. O cão primeiro teve que ficar em uma casa distante, era preciso uma longa jornada diária para ir alimentá-lo.
Depois, a família conseguiu abrigo com outro morador, os familiares passaram a percorrer apenas cinco minutos para levar comida. Com a guerra, muitos precisaram deixar seus animais de estimação para trás na fuga.
Havia muitos cães e gatos vagando sem dono. Em zoológicos, muitos animais morreram sem alimento. Ele imagina que quando o conflito acabar poderá retornar ao País. Ele conversa com familiares, mas nem sempre é fácil encontrá-los com internet e energia disponível para conversar.
Não há como fazer previsão de retorno, mas o jovem imagina se poderá retornar em breve. Ele diz que no País noticia-se que serão necessários cerca de 5 anos para retirar minas e oferecer trânsito seguro em alguns lugares. “Quero voltar, ver os lugares da minha infância.”