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Capital

Na reta final das férias escolares, pais ainda "caçam" material mais barato

Quem busca economizar diz pesquisar preço e selecionou o que vai comprar da extensa lista da escola

Por Geniffer Valeriano | 24/01/2024 11:59
Andreliza escolhendo materiais para a filha (Foto: Marcos Maluf)
Andreliza escolhendo materiais para a filha (Foto: Marcos Maluf)

Com a proximidade do fim das férias escolares, pais de alunos dizem que começaram a ir às livrarias esta semana para comprar os materiais. Dentre aqueles que buscam economizar, está a estratégia de andar muito para pesquisar muito os preços ou selecionar o que comprar da extensa lista dos itens pedidos pelas escolas.

O Campo Grande News esteve em duas papelarias, localizadas na Rua Dom Aquino, no centro de Campo Grande, nesta quarta-feira (24).  O movimento era tranquilo nas lojas.

Antes de iniciar as comprar, Laura Chaparin, de 53 anos, conta que foi em três lojas diferentes para realizar a pesquisa de preços. “Para economizar uso a velha sistemática dos três orçamentos, vai no lugar, vai no outro, vai no outro e a gente vê. E também quando tem muitos filhos, leva-se em consideração as parcelas sem juros”, contou.

A servidora pública relata que costuma levar as filhas às compras para escolher os materiais. Para manter o valor final da compra dentro do orçamento, a mãe diz que precisa filtrar os desejos das filhas. “Trouxe elas para escolher, porque menina quer com um desenho, quer não sei o que, quer é alguma coisa assim. Aqui a mãe tem que colocar limite, mas acaba que a mãe pega os negócios escondidos para ela também”.

Laura e suas filhas durante as compras do material escolar (Foto: Marcos Maluf)
Laura e suas filhas durante as compras do material escolar (Foto: Marcos Maluf)

Andreliza Ribeiro, de 48 anos, também estava acompanhada da filha durante as compras. Saindo pela primeira vez à procura dos materiais, a dona de casa diz que não realizou a pesquisa de preços. “Eu estou saindo hoje, esse é o primeiro lugar que eu entrei e já encontrei algumas coisinhas aqui. Não pesquisei, achei o que ela queria e a gente está escolhendo. Ela estuda em escola pública, então não tem lista de materiais, estamos escolhendo o que ela está precisando”, relata.

Com dois filhos pequenos, de 10 e 6 anos, a dona de casa Sônia Duarte, de 45 anos, diz ter reduzido o número de materiais que enviará para a escola. A mãe ainda relata que também optou por não pesquisar os preços em mais de uma loja por todas terem “valores semelhantes”.

“Essas escolas pedem demais, não tá levando todos não. Vou levar, mas vou diminuir. Se pede três, eu vou levar dois, porque pedem para deixar lá jogado fazendo bagunça e não usa. Então eu vou diminuir, se achar ruim pode deixar sem fazer a atividade, porque ninguém merece, pede lá e não usa”, desabafa.

Sônia foi às compras do material escolar junto ao seu filho (Foto: Marcos Maluf)
Sônia foi às compras do material escolar junto ao seu filho (Foto: Marcos Maluf)

Sônia ainda conta que no primeiro ano em que as crianças entraram na escola chegou a comprar todos os itens da lista, mas depois de o filho mais velho dizer não ter usado todos os materiais começou a reduzir a quantidade. “As mochilas mesmo vão usar a mesma mochila do ano passado. Tá boa mesmo, dá para aproveitar e já diminui no orçamento. Porque tá difícil diminuir os gastos assim”.

Para a administradora Mônica Zequim, de 35 anos, a melhor saída para economizar foi comprar os materiais de forma “sortida”. “Eu comecei agora, essa é a primeira loja que entrei para olhar, mas como tem coisa na lista que pedem que é de mercado, eu avaliei se na livraria ou se no mercado estava mais barato e peguei. Eu tive a oportunidade de ir lá em Ponta Porã, como eu vi que lá tinham alguns itens mais baratos, eu fui lá e peguei”, contou.

Antes de sair de casa, Mônica disse ter pedido às lojas o orçamento dos itens que precisava por meio do WhatsApp. A mãe ainda diz que a escolha das lojas foi feita a partir de relatos de outras mães que já haviam saído às compras. Para conseguir uma economia maior, a administradora também se atentou aos itens não obrigatórios que estavam na lista.

Dentro daqueles itens que eles colocaram que não é obrigatório, tem o balão que sempre pedem. Eles não colocam nenhuma observação de que não é obrigatório, mas como não é a primeira vez que pedem e da última vez eu não mandei e eles não me questionaram. O lenço de papel, por exemplo, que não é obrigatório a gente mandar, eu mando reduzido porque sei que a minha filha usa”, disse.

Com filhas pequenas, de 1 e 4 anos, Mônica relata que percebeu que na lista da filha que está no maternal há itens que ela não utiliza. Dentre eles estão folhas sulfite e papel celofane, esses itens a mãe também deixa de fora da compra. “Esses materiais são na verdade para os professores fazerem atividades com as crianças. Esses eu já acho que é pedir demais”, diz.

Mãe comprando cartolinas e E.V.A nesta quarta-feira (22) (Foto: Marcos Maluf)
Mãe comprando cartolinas e E.V.A nesta quarta-feira (22) (Foto: Marcos Maluf)

Itens proibidos - Ainda na primeira semana de janeiro, o Campo Grande News noticiou que, pelo menos, 57 itens presentes nas listas de materiais escolares não são obrigatórios, segundo o Procon/MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor). A lista faz parte de um Termo de Cooperação Técnica firmado entre o Procon e o Sinepe/MS (Sindicato das Escolas Particulares de Mato Grosso do Sul), em dezembro de 2022.

Dentre as proibições estão: balões; bastão de cola quente; canetas para lousa; fitilhos; feltro; TNT; pasta suspensa; fita durex, dupla face, adesivas e decorativas; giz; material de escritório; material de limpeza.

Também não pode pedir água mineral; algodão; balde de praia; bolas de sopro; botões; carimbo; CDs e DVDs; clipes; cola para isopor; elastex; esponja para pratos; fantoche; fita, cartucho e tonner para impressora; flanela; gibi infantil; jogos em geral; lixa em geral; grampeador e grampos; isopor, guardanapos; lenços descartáveis; livro de plástico para banho; maquiagem.

Marcador para retroprojetor; medicamentos; palito de dente e para churrasco; caneta piloto para quadro branco; pinceis para quadro; pincel atômico; plástico para classificador; pregador de roupas; produtos para construção civil; papel em geral (no limite de uma resma por aluno); sacos de plástico; talheres, pratos, copos e lenços descartáveis; e cotonetes.

Se a escola solicitar alguns dos materiais acima deverá apresentar, quando solicitado pelos pais ou responsáveis, o plano de sua utilização dentro da proposta pedagógica.

Mulher escolhe agendas em livraria (Foto: Marcos Maluf)
Mulher escolhe agendas em livraria (Foto: Marcos Maluf)

Dicas - O Idec preparou uma lista para evitar gastos desnecessários. A maioria é conhecida, como reutilizar itens do ano anterior e pesquisar preços. Mas também há alerta sobre resistir aos pedidos dos filhos e começar em janeiro a educação financeira das crianças. Eles adoram, mas alguns itens ficam muito mais caros quando são da "modinha".

Veja as orientações do Instituto de Defesa do Consumidor:

  • Reutilize: Antes de ir à papelaria, verifique se os itens utilizados no ano passado estão em bom estado e podem ser reutilizados.
  • Troque: Tem uma pilha de materiais antigos em casa e não sabe o que fazer? Que tal trocar com os amigos ou vizinhos? Assim, o consumidor pode ter um item novinho, sem gastar dinheiro.
  • Pesquise: Alguns produtos da lista podem ser bem caros, por isso é importante comparar o preço de marcas e lojas diferentes antes de fechar a compra.
  • Compre em grupo: Para economizar um pouco mais, a dica é reunir um grupo para ir às compras. O atacado é mais vantajoso e, na maioria das vezes, é mais fácil de conseguir descontos.
  • Evite personagens infantis: Se a ideia é não gastar muito, tente não comprar produtos que tenham característica de brinquedos ou a figura de personagens infantis. Esses itens são mais caros e, além disso, podem distrair a atenção da criança na aula.
  • Avalie a lista: Nem tudo pode ser pedido na lista de material.
  • Fuja de venda casada: A escola também não pode exigir marcas ou locais de compra específicos para o material, tampouco que os produtos sejam adquiridos no próprio estabelecimento de ensino, exceto para artigos que não são vendidos no comércio, como apostilas pedagógicas próprias do colégio.
  • Reaproveite: Outro abuso recorrente é impedir que o aluno reutilize materiais didáticos de outros estudantes. Essa recomendação só pode ser feita se o livro usado por um irmão mais velho, por exemplo, estiver desatualizado. Caso o conteúdo esteja adequado, não há problema algum em reaproveitar o material.
  • Exija nota fiscal: Na hora de pagar, lembre-se que o preço praticado no cartão de crédito deve ser igual ao cobrado à vista e exija nota fiscal detalhada, com discriminação do produto adquirido: sua marca e preço individual e total.

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