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Capital

Na Santa Casa, doação entre irmãos marca retomada de transplantes

Francisco decidiu doar para Evanildo, na expectativa de dar fim a "um período muito difícil" na vida do irmão

Christiane Reis | 28/11/2016 16:41
Irmãos, Evanildo (esq.) vai receber o órgão de Francisco; eles entram em cirurgia às 7 horas desta terça-feira (29) (Foto: Divulgação)
Irmãos, Evanildo (esq.) vai receber o órgão de Francisco; eles entram em cirurgia às 7 horas desta terça-feira (29) (Foto: Divulgação)

“Meu irmão ficou dois anos fazendo hemodiálise. Foi um período muito difícil”, resume o autônomo Francisco Aranda Huranhabi, 40 anos, que nesta terça-feira (29) vai doar um rim para o irmão, Evanildo Aranda Huranhabi, 35 anos. A cirurgia está agendada para às 7 horas, marcando a retomada deste tipo de procedimento na Santa Casa de Campo Grande.

O clima é de ansiedade para quem vai receber o órgão, segundo o doador, que por sua vez se diz tranquilo. Evanildo Huranhabi está fazendo os exames pré-operatórios e por isso não pôde falar com a reportagem na tarde desta segunda-feira (28) .

O transplante entre os irmãos é o primeiro de rim após oito meses. Até o dia 31 de outubro deste ano o hospital realizou apenas um procedimento envolvendo rim, ocorrido no mês de fevereiro, e o doador não estava vivo.

Todos por um – Caçula de uma família de cinco irmãos, o desossador Evanildo levou, segundo o irmão dele, "um tempão" para apresentar sintomas de que algo não estava bem com os rins. “Primeiro ele descobriu que a pressão estava muito alta e passou a investigar melhor isso. Eu não morava aqui na época, mas acompanhava de longe”, conta Francisco.

Quando resolveu mudar-se de Tocantins para Campo Grande, isso há quase dois anos, o caçula já tinha recebido o diagnóstico sobre o comprometimento dos rins e iria então começar a hemodiálise. “Parece uma coisa eu ter voltado justamente nessa época, não sei explicar, mas algo dizia que eu deveria voltar. Quando cheguei aqui, as coisas já estavam desse jeito”, contou.

A partir daí a família se reuniu e todos os irmão se propuseram a fazer os exames para saber da compatibilidade, Francisco, o segundo mais velho entre os irmãos, foi o primeiro a fazer os exames. “Incrível que já deu tudo compatível logo de cara e que não hesitei em doar um rim para o meu irmão”.

Assim, os irmãos começaram a se preparar e agora os sentimentos estão misturados. É emoção, ansiedade e crença de tudo vai correr bem. “Estamos muito seguros, porque recebemos uma ótima assistência de todos aqui”, finalizou Francisco Huranhadia. A cirurgia, no doador, leva em média quatro horas e no receptor seis horas.

Na Santa Casa, doação entre irmãos marca retomada de transplantes

Panorama – Segundo a Central de Transplantes de Mato Grosso do Sul, este ano, até o dia 31 de outubro deste ano foram realizados um transplante de ruim, mais 134 de córneas e seis de tecido músculo esquelético. Em todo o ano passado foram dois procedimentos de rim; 147 de córneas e três de tecido músculo esquelético.

A coordenadora da Central de Transplantes de Mato Grosso do Sul, Claire Carmem Miozzo, disse que é sempre uma expectativa positiva tanto quanto ao interesse das famílias autorizarem a doação, quanto pela recuperação dos pacientes que são transplantados. “Temos essa cirurgia agendada para esta terça-feira e a expectativa é de que dê tudo certo no procedimento e recuperação”.

Menos recursos – Segundo a Santa Casa, os transplantes deixaram de acontecer por conta “de queda expressiva nos recursos que envolvem a alta complexidade”, conforme informou a assessoria de imprensa do hospital. Os valores caíram de R$ 7 milhões para cerca de R$ 2,9 milhões mensais.

Outro fator que dificulta é a recusa dos parentes em doar. “Entre as famílias abordadas ainda temos um índice de recusa considerado alto, em torno de 60%”, disse a nefrologista, responsável técnica pelo transplante renal, Rafaella Campanholo.

Ela disse ainda que a tendência é de melhora nas ações, pois, até o fim do ano o hospital deverá contar com a OPU (Organização de Procura de Órgãos), que até então funcionava no Hospital Regional.

“Ter esse serviço no próprio hospital vai facilitar em muitos aspectos, principalmente na abordagem dos familiares”, disse. Ela ressaltou que a equipe de transplante de rim conta com quatro nefrologistas, cinco urologistas e conta com o suporte de nutricionistas, psicólogos, enfermagem e assistência social.

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