Na varanda simples da casa, família vela corpo de Ângela e clama por justiça
Testemunhas disseram à família que Ângela Cristina foi morta por rapaz com quem ela mantinha relacionamento
Na casa simples de alvenaria, o caixão com o corpo de Ângela Cristina Eduardo dos Santos foi colocado na estreita varanda da casa, entre uma das colunas de sustentação e freezer. Nos bancos, cerca de 15 pessoas velam a jovem, morta aos 26 anos, atropelada na noite de segunda-feira (29).
Com base nas informações de testemunhas, conhecidos da família, a principal suspeita é que Ângela tenha sido atropelada por rapaz com quem mantinha relacionamento, depois de briga ocorrido em bar no Portal Caiobá.
Na briga, Ângela teria sido atingida com capacete. Depois disso, resolveu ir embora, foi seguida pelo rapaz que estaria em motocicleta emprestada e atropelada na divisa entre os bairros São Jorge da Lagoa e Portal Caiobá.
Ângela Cristina seria enterrada como indigente, pois a família não tinha dinheiro para sepultamento, se não fosse a informação da funerária plantonista, que recolheu o corpo, para que eles acionassem o seguro Dpvat (Danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre). Com o dinheiro, garantiram o enterro no Cemitério Jardim da Paz, às 16h.
“Ela era um amor de guria”, descreveu o pai, o auxiliar de serviços gerais, José Adilson Eduardo dos Santos, 56 anos. Angela era a 5ª dos seis filhos da família, que mora na mesma casa há 28 anos. A mulher dele, mãe da garota, estava muito emocionada e não quis falar.
A jovem tinha quatro filhos, com idades de 9 anos a 1 ano e 8 meses, que serão cuidados pelos avós maternos. O de 8 anos estava medicado e não acompanhou o velório da mãe. “Ele não quer nem ver ela, ficou com dor de cabeça, tivemos que dar remédio; é doloroso, mas vamos nos recuperar”.
José Adilson e a outra filha, Juliette Eduardo dos Santos, 31 anos, deram ao Campo Grande News o mesmo relato sobre o atropelamento: a discussão no bar, o testemunho de vizinho que viu Ângela e o rapaz no chão e a moto ao lado.
Juliette conta que ficou sabendo do atropelamento por outro irmão, avisado pelo
conhecido que testemunhou o fato. Da moto, o “ficante” atingiu Ângela pelas costas.
“Meu irmão foi lá primeiro, quando chegou, o cara estava no chão, levantou, saiu correndo e a família [dele] parou de carro para pegar ele”, contou. Juliette não viu o corpo da irmã e foi ao local somente para retirar a mãe e ampará-la.
A moto usada para o atropelamento ficou para trás, mas, segundo José Adilson, foi recolhida pela família do suspeito pouco depois. “Ela era irmã muito boa, vamos correr atrás para ele ir para a cadeia, ele tem que pagar”.
O caso está sob investigação na 6ª DP (Delegacia de Polícia), no Jardim Tijuca.