No dia mais frio do ano em Campo Grande, abrigo da prefeitura fica lotado
Unidade de acolhimento recebe pessoas em situação de vulnerabilidade, muitos vindos de outros estados do país
Campo Grande registra nesta quarta-feira (14) as temperaturas mais baixas do ano até o momento. Por volta das 8h, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), os termômetros marcavam 7,5ºC. Enquanto isso, pessoas em situação de rua buscam ajuda para fugir do frio e ter assistência na Uaifa (Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias) 1, localizada no Jardim Veraneio.
Alguns deles atravessaram vários Estados para chegar até Mato Grosso do Sul. Outros caminharam por quatro países até encontrar ajuda no Brasil. O mineiro Aristonio Marcos Moreira Lima, de 31 anos, veio de ônibus para Campo Grande após sair de Monte Azul, no extremo norte de Minas Gerais.
Aristonio está na cidade há seis dias e veio só com a "cara e coragem" para a Capital. Quando foi acolhido pela SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) de Campo Grande, estava no Terminal Rodoviário. Ele explica que escolheu esta cidade porque sempre quis conhecê-la.
"Sou do norte de Minas, cheguei tem seis dias e vim para procurar trabalho. Cheguei aqui, vim com a coragem, conheço ninguém. Eu busco emprego que vier primeiro. Lá em Monte Azul falta serviço, tem, mas é pouquinho", contextualiza o homem de 31 anos.
Em relação ao frio, Aristonio conta que foi surpreendido. Em Monte Azul, que faz parte da Caatinga, neste momento, faz quase 30ºC. "Hoje mesmo, chegou o frio. Eles me ajudaram, está dando tudo certo. Só não estou trabalhando por causa do tempo".
A reportagem do Campo Grande News também conversou com uma família de venezuelanos que estavam no local. Franerlin Sanchez, de 23 anos, disse que chegou ao Brasil há pouco tempo. Passou por Colômbia, Peru, Equador e Bolívia.
"Cheguei há cinco dias, no sábado. Não nos receberam bem por ser feriado. Eu estou com meu marido e dois filhos, de 3 e 7 anos", explica Franerlin. Ela complementa que estão em Campo Grande apenas provisoriamente. Os imigrantes têm como destino final Santa Catarina.
Franerlin lamenta a situação enfrentada pela Venezuela e explica o motivo que a fez deixar o país. "A situação financeira do país me fez deixar a Venezuela. A gente passava necessidade. Estamos passando por tudo para estar aqui".
Unidade lotada - A coordenadora da Uaifa 1 é a assistente social Giany da Conceição, de 47 anos. A unidade é conhecida como o antigo 'Cetremi', ela informa que a capacidade é para acolher 120 pessoas em situação de vulnerabilidade. No momento, são quatro pessoas a mais, por isso o lugar está lotado.
"A nossa unidade trabalha com famílias, pessoas em situação de rua e trânsito e funciona há quase 30 anos. Temos uma rotina de trabalho com esse público. Em período de frio, a gente acolhe muito mais", afirma Giany. O local é mantido com recursos da Prefeitura de Campo Grande e doações.
Giany destaca que o local dá assistência na procura de emprego, necessidades básicas como alimentação, banho e auxílio na emissão de documentos. "Essa é uma unidade de referência para pessoas em situação de rua", explica.
O secretario municipal de Assistência Social de Campo Grande, José Mário Antunes da Silva, disse que o acolhimento é feito durante o ano todo: "Nós temos essa aqui de adultos, crianças, bebês e adolescentes. Estamos com 11 equipes na rua". Ele informou que a Capital tem 300 vagas para acolhimento.
José lamentou a morte do morador de rua no Jardim Monumento que estava com sinais de hipotermia. "A morte lá me chocou bastante e me deixou muito triste". Ele orientou a população que ao encontrar pessoa em situação de rua que necessita de acolhimento, basta entrar em contato pelos telefones (67) 99660-6539 ou 99660-1469. Também é possível buscar ajuda pelos telefones de urgência, como o 190 e 193 (Corpo de Bombeiros).