No meio da rua há anos, árvores viram pivô de discussão com a chegada de asfalto
Uma delas é a última da espécie carvoeiro-vermelho no perímetro urbano e foi contornada pelo asfalto
O asfalto passou e a árvore permanece no meio da Rua Francisco Pinto de Arruda, esquina com a Dunga de Arruda. Mais adiante, outra árvore está bem no meio de um sentido da via, que vai ser asfaltada em breve. Agora, moradores do Parque Dallas querem saber se a cumbaru e a carvoeiro-vermelho serão mesmo mantidas ali e se preocupam com o trânsito.
Há nove anos morando na esquina, a estudante Eliane Fernandes, de 40 anos, teme que a via seja de mão única para dar conta da situação, mas como não tinha asfalto, só esperando para ver como será a sinalização.
Vai atrapalhar a gente se virar mão única. Sou a favor que retire, não que eu seja contra a árvore, mas cada coisa deve ficar no seu devido lugar. Se você analisar o tronco, parece até que já está sendo danificada pelo cupim. No meu ponto de vista, ela já está comprometida”, argumenta Eliane.
A rua já asfaltada fica nos fundos de uma nova loja do Fort Atacadista, na Avenida Três Barras, que está em construção.
O comerciante Matheus Dallasta, de 31 anos, também reclama da situação e prevê problemas no trânsito.
Acho a árvore bonita, mas tem que tirar mesmo, tem que facilitar nossa vida e pela segurança da região, porque agora, com a nova loja do Fort, vai aumentar o movimento. Acho que vai atrapalhar o fluxo”, comenta o comerciante, que tem uma empresa atacadista de mel há 20 anos no bairro.
Enquanto as obras de asfaltamento são realizadas, as árvores ganham também defensores. Uma delas é a professora Maristela da Silva Ribeira, de 57 anos, que mora há cinco meses no bairro.
Aquela árvore é muito importante, precisamos de oxigênio, ar puro e ela tem esse papel fundamental. O pessoal tem que ter um pouco de tolerância e usar o outro lado, não precisa se preocupar com ela. A preservação das árvores é muito importante. Eu acho que só vai se tornar um problema se não tiver compreensão das pessoas e sinalização, mas se for bem sinalizado, vai dar tudo certo”, comenta Maristela.
Um parecer da auditora fiscal do Meio Ambiente da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), a bióloga Gisseli Ramalho Giraldelli dos Santos é contra a remoção das árvores. As árvores avaliadas não se encontram em nenhuma das condições previstas na lei que trata da remoção.
A árvore no cruzamento com a Rua Francisco Pinto de Arruda é o único exemplar da espécie carvoeiro-vermelho registrada no perímetro urbano de Campo Grande, conforme o parecer.
Já a outra árvore, na Rua Dunga de Arruda, o pé de cumbaru, não tinha tubulação de drenagem nas proximidades quando foi feita a vistoria, mas agora, os moradores reclamam que a raiz está sendo afetada pelas escavações.
Em análise - Em nota, a Semadur informou que está analisando um recurso técnico impetrado pela Sisep (Secretaria Municipal de Serviços e Obras Públicas) e avaliando a solicitação de remoção da árvore na Rua Dunga de Arruda, onde o asfalto ainda não passou.
“Assim que o novo parecer técnico for emitido, será divulgado. É importante lembrar que a obra de pavimentação do Parque Dallas é aguardada há anos pelos moradores da região e que vai melhorar a infraestrutura de uma região com mais de 5 mil habitantes. Com a obra sendo executada, o bairro recebeu rede de esgoto, drenagem e terá 10 quilômetros de pavimentação”, diz a nota da Semadur.