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Capital

Novo laudo afirma que Nando deve ser “afastado da sociedade”

Apontado como autor de pelo menos 12 homicídios em Campo Grande, o suspeito está preso desde novembro de 2016

Geisy Garnes | 15/03/2018 16:43
Nando foi diagnosticado com psicopatia grave (Foto Marcos Ermínio/ Arquivo)
Nando foi diagnosticado com psicopatia grave (Foto Marcos Ermínio/ Arquivo)

Novo laudo psiquiátrico defende que Luiz Alves Martins Filho, o Nando, deve ser mantido afastado da sociedade. Apontado como autor de pelo menos 12 homicídios em Campo Grande,  o serial killer foi diagnosticado com psicopatia grave, mas ainda assim, inteiramente capaz de entender o caráter criminoso de cada caso.

O pedido para o novo laudo partiu do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. A intenção do magistrado era que um único parecer médico fosse anexado a todos os processos em que Nando é apontado como autor, já que os crimes têm todos as mesmas características.

A perícia, assinada pelo médico psiquiatra Rodrigo Abdo, foi concluída no dia 19 de fevereiro deste ano e anexada aos processos nesta quarta-feira (14). No documento, Nando é diagnosticado com transtorno da personalidade dissocial grave e transtorno da personalidade paranoica grave, ou seja, psicopatia.

Em todo o laudo, Abdo detalhes o depoimento do suspeito, que diante da perícia, continuou negando todos os crimes pelo qual responde. Mais uma vez, Nando afirmou ter sido obrigado a confessar homicídios que não cometeu, que fez isso por se lembrar das agressões que sofreu em 1996, quando foi preso por estupro de vulnerável.

Defendeu que nunca matou, sequer foi atrás do assassino da mãe, e que só sabia onde estavam os corpos da vítima, porque o verdadeiro assassino contava quando estava bêbado. Ainda assim, cada palavra usada por Nando, o comportamento assumido durante a perícia, foi analisado pelo perito.

No laudo, o perito definiu Nando com de linguagem articulada, inteligência mediana e capacidade de raciocínio. “O conteúdo do seu discurso expressa ambiguidade psicossexual, ideações paranóides e autorreferência. Há frieza emocional, perversidade de caráter, falta de empatia, grave instabilidade emocional, nota-se justiceiro e rancoroso, manipulação e egocentrismo”.

Foi na maneira em que o suspeito negou o crime, que o médico definiu a perfeita capacidade de entendimento dos crimes em que é acusado. “ Conclui-se nessa avaliação que, juspsiquiatricamente, o periciado tinha plena responsabilidade penal, à época dos fatos, pelos atos criminosos que lhe foram imputados”.

Ao fim do laudo, as perguntas enviadas pelo juiz, pelo MPE (Ministério Público Estadual) e pela defensoria, foram respondidas e concluíram que Nando sempre sofreu de perturbação mental, que não carrega traumas da infância, não sofre de alucinações ou delírios e tem dificuldade em manter o controle. “Conclui-se pela imputabilidade plena. Deve ser mantido afastado da sociedade”, concluiu o perito.

Escavações no Jardim Veraneio aconteceram no fim de 2016 (Foto: Guilherme Henri/Arquivo)
Escavações no Jardim Veraneio aconteceram no fim de 2016 (Foto: Guilherme Henri/Arquivo)

O caso - Toda a investigação envolvendo o grupo chefiado por Nando começou após a morte de Leandro Aparecido Nunes Ferreira, o 'Leleco', assassinado em vingança pela morte de um dos desaparecidos atribuídos ao suspeito no Danúbio Azul.

Segundo a polícia, as vítimas eram atraídas para o Jardim Veraneio, estranguladas e enterradas de ponta cabeça em covas no cemitério clandestino no local. Nando é investigado pela participação em pelo menos 12 mortes.

As vítimas foram identificadas como Jhennifer Lima das Silva, Café, Alemão, Flávio Soares Correia, Bruno Santos da Silva, Ana Cláudia Marques, Lessandro Valdonado de Souza, Alex da Silva dos Santos, Eduardo Dias Lima, Jhennifer Luana Lopes, Daniel Oliveira Barros e Ariel Fernando Garcia Lima Teixeira.

Ainda conforme as investigações, o grupo agiu na por pelo menos 4 anos na região. Eles aliciavam sexualmente adolescentes, se aproveitando das condições de miséria das vítimas, em troca de drogas e ainda se intitulam ‘justiceiros’ afirmando que as mortes aconteciam para ‘vingar’ roubos e furtos na região.

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