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Capital

Número de áreas invadidas em Campo Grande já chega a quatro

Luciana Brazil e Paula Maciulevicius | 21/01/2013 11:27
Quarta área invadida começa a formar nova favela em Campo Grande. (Fotos Luciano Muta)
Quarta área invadida começa a formar nova favela em Campo Grande. (Fotos Luciano Muta)

Mais uma área pública foi invadida em Campo Grande, totalizando quatro regiões no município em situação de ocupação. Cerca de 280 pessoas estão acampadas desde a madrugada do último sábado (19) no bairro Jardim das Hortências, na região do Aero Rancho. A maioria dos “sem-teto” diz que se está cadastrada há anos no programa de habitação da prefeitura- Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) -, mas até hoje não conseguiu uma casa.

Desde a ocupação, as famílias afirmam ter sido ameaçadas por policiais militares e por guardas municipais que passam pelo local. Segundo os invasores, a polícia teria levado uma patrola no sábado para intimidar os novos moradores. “Nós entramos na frente da patrola com as crianças para impedir que eles destruíssem nossas casas”, diz Abadia Aparecida de Souza, 32 anos.

“Eles passaram aqui apontando o revólver, xingando e dizendo para que nós voltássemos para casa”, afirma abadia.

O Campo Grande News tentou contato com a assessoria de imprensa da PM e com a Prefeitura de Campo Grande e aguarda retorno.

Razões- Há 10 anos sonhando com uma casa, Abadia diz que a invasão é motivada pela falta de dinheiro. “O aluguel está caro e estamos precisando de casa. Todos estão nessa situação”.

Desde 1982, Adélia Prado, 68 anos, luta por uma casa popular. “Fiz minha primeira inscrição em 82, e todo ano renovo o pedido. Tenho muitos documentos que comprovam isso, mas até hoje não consegui”, lamenta.

Grávida de oito meses, Rafaela da Silva Martins, 22 anos, conta que a mesma área foi invadida há 20 anos e a situação terminou em confronto entre moradores e polícia. “O meu medo é que aconteça a mesma coisa com a gente. Tem muitas mulheres grávidas, muita criança. A gente não está pedindo nada, só queremos uma casa”.

Segundo ela, a área estava abandonada e muitos estavam jogando lixo e entulho no local.

Os moradores do bairro criticam a ação dos invasores, mas alguns dizem entender a necessidade das famílias. “Em um ponto eu sei que eles precisam. Tem muita mulher grávida e muita criança e eles não estariam fazendo isso por brincadeira. Mas não é necessário fazer tudo isso”, dispara Sandra Ferreira de Almeida, 29 anos, falando da movimentação e do número de pessoas.

O terreno, constantemente sujo, foi limpo apenas uma vez pela prefeitura, segundo Sandra.

Abadia mostra documento que comprova inscrição na Emha.
Abadia mostra documento que comprova inscrição na Emha.

João Carlos da Silva, 57 anos, lembra que quando criança a pobreza não foi motivo para que a família usasse esse tipo de recurso, a invasão. “Eu era tão pobre e mesmo assim a minha família nunca fez isso. Todo mundo tem direito, mas existem os meios para conseguir isso”.

O presidente da associação de moradores do bairro Francismar Aparecido da Silva, 44 anos, diz que não cabe a ele julgar, mas sim à justiça. Segundo ele, 90% das famílias não são moradores do bairro e possuem casas para morar. “Ali é uma área pública e existe um projeto para o local. Na minha opinião tem alguém por trás disso. É político. Já é a quarta área invadida e o cara (prefeito Alcides Bernal (PP) só tem 20 dias de governo”.

Ele é enfático em dizer que muitos ali têm até mesmo um carro. “Eu defendo as pessoas que não têm casa, mas muitos têm casa e carro, e não dependem disso”.

Sobre a limpeza do terreno, Francismar lembra que já protocolou inúmeras vezes pedidos de limpeza na Seintrha (Secretaria de Infraestrutura, Transporte e Habitação).

Áreas invadidas: Em frente ao lixão do bairro Dom Antônio Barbosa, cerca de 400 pessoas estão acampadas desde o fim do ano passado. Até um relógio de água já foi instalado pela concessionária. O novo bairro já nome: Mundo Novo. os moradores dizem que não irão sair até que a Prefeitura tome providências. A invasão foi motivada pelo fechamento do lixão, que foi reaberto.

No bairro Roselândia, ocupantes ficaram por menos de dez dias em outra área pública, mas lá a Prefeitura conseguiu retirar os ocupantes.

No bairro Taguarussu, na rua Abolição, esquina com a avenida Ernesto Geisel, em frente ao shopping Norte Sul, outra área pública foi invadida. A ocupação tem revoltado os moradores da região.

E no bairro Panorama, no cruzamento da rua Três Poderes com a Tibagi, mais de 20 famílias ocupam uma área, onde até uma igreja está sendo construída. O local é particular e está em litígio.

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