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Capital

Oito anos após matar policial por vingança, pintor será levado a julgamento

Crime aconteceu no lado paraguaio da fronteira, em 2014, e demora decorre da lentidão da extradição do acusado

Silvia Frias | 24/08/2022 09:38
Gustavo Barros Benites quando foi preso no Paraguai, em 2017. (Foto/Arquivo)
Gustavo Barros Benites quando foi preso no Paraguai, em 2017. (Foto/Arquivo)

Oito anos após a morte do policial civil Marcílio de Souza, em Ypejhú, no Paraguai, a Justiça em Mato Grosso do Sul determinou que o acusado, Gustavo Barros Benites, 35 anos, seja levado a julgamento, em Campo Grande. A demora na ação passa pela prisão do réu e o lento processo de extradição, concluído apenas em 2021.

A pronúncia foi divulgada hoje no Diário da Justiça, em decisão do juiz Carlos Alberto Garcete, em substituição na 1º Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. A data do julgamento ainda será definida.

O crime aconteceu no dia 12 de fevereiro de 2014, em uma lanchonete na cidade de Ypejhú, no Departamento de Canindeyu, no Paraguai. A cidade fica a 100 metros da fronteira brasileira, onde se localiza o município de Paranhos.

Lanchonete no Paraguai onde policial brasileiro foi assassinado a tiros. (Foto/Reprodução)
Lanchonete no Paraguai onde policial brasileiro foi assassinado a tiros. (Foto/Reprodução)

Consta na investigação policial que o perito Marcílio de Souza foi ao território paraguaio para passar informações sobre o furto de trator, ocorrido em Sete Quedas, distante 120 quilômetros de Paranhos, na região de fronteira.

Antes de voltar a Paranhos, parou na lanchonete para beber água. Estava sentado quando foi atingido com tiros na nuca, disparados por um homem que passou de motocicleta. Foi assassinado aos 51 anos.

Na investigação, testemunhas reconheceram como autor o pintor Gustavo Barros Benites. Entre os depoimentos, o da ex-mulher dele, que reconheceu a moto do acusado, que teria sido usada contra ela, dias antes, em tentativa de atropelamento.

A Polícia Civil apurou que o mandante seria o então prefeito de Ypejhú, o paraguaio Vilmar Marques Gonzales, que usava o nome falso brasileiro de Vilmar Acosta Marques, o “Neneco”.

O crime teria sido cometido por vingança: o policial teria investigado Gustavo em três ameaças por violência doméstica e coação no curso do processo, sendo que no último caso, a prisão preventiva foi decretada, porém, não cumprida. O prefeito teria fornecido a arma para o pintor.

Segundo o processo, Vilmar Marques Gonzales foi preso no Brasil e extraditado ao Paraguai, conforme decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

Gustavo Benites somente foi preso no dia 23 de março de 2017, ou seja, três anos depois do crime. Neste período, o processo contra ele saiu da Vara de Sete Quedas e foi remetido à 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Para a transferência, foram aplicados o artigo 7 do Código Penal, que trata de crime em território estrangeiro e o artigo 88 do Código de Processo Penal, que, nestes casos, determina como foro competente a capital do Estado de última residência do réu. O pintor tinha residência em Paranhos.

O pintor, porém, só foi extraditado ao Brasil no dia 30 de novembro de 2021, lentidão que foi questionada várias vezes pela Justiça em MS. A resposta é que Benites tinha pendências judiciais em território paraguaio. Somente quando fosse concluída a extradição é que o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) poderia finalizar a conclusão do oferecimento da denúncia.

Após a extradição, o pintor foi denunciado pela promotora Luciana do Amaral Rabelo, da 21ª promotoria de Campo Grande, no dia 8 de dezembro de 2021, sendo acusado de homicídio qualificado por motivação torpe e sem chance de defesa da vítima.

A denúncia foi aceita no dia 18 de agosto. No decorrer do processo, a defesa do acusado nega autoria do crime, dizendo que ele estava trabalhando na hora do crime e que a identificação da moto foi feita de forma parcial, sem identificar, por exemplo, a placa do veículo.

#matéria atualizada às 10h54 para acréscimo de informação.

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