Ônibus têm embarque diferente, passageiros "grudados" e queixa sobre integração
Serviço foi ampliado em Campo Grande nesta segunda-feira, com 250 veículos circulando
A cada semana, uma semana diferente. É assim desde que começaram as medidas restritivas à circulação de pessoas em Campo Grande, por causa da pandemia de novo coronavírus. Nesta segunda-feira (6), por exemplo, o transporte coletivo, até então bastante restrito, teve ampliação, com o número de veículos passando de 33 para 250, com 6 novas linhas ligando bairros diretamente ao Centro, entre 5h e 21h30.
A reportagem esteve em dois pontos bastante movimentados: a Praça Ary Coelho, onde há três pontos de embarque e desembarque, e o terminal das Moreninhas, um dos maiores bairros da cidade.
A cena de pessoas usando máscaras, para se proteger do contágio, é comum, mas não é regra geral. Comportamento rotineiro, como percebeu a reportagem, foi o descumprimento à regra de evitar aproximar-se das pessoas. Na saída dos coletivos, o amontoado de pessoas se forma rapidamente, uma grudada à outra, contrariamente ao que é orientado.
Nenhum tumulto foi notado. Porém, na Praça Ary Coelho, o movimento está acima dos últimos dias, mas relativamente tranquilo. “Todas as pessoas vieram sentadas e ainda tinha banco vazio”, comentou Jaqueline Leite da Silva, 35, agente de asseio e conservação.
Ela havia pegado a linha 81, na Avenida Bandeirantes, para ir ao trabalho. Contou que chegou a ficar de quarentena, mas teve de voltar ao serviço e nos dias anteriores enfrentou dificuldade para conseguir fazer o projeto. “Hoje foi tudo bem, passou no horário normal”, contou.
De mais evidente, a mudança trouxe para os trabalhadores um cenário incomum: todos sentados no veículo, como determinam as regras para funcionamento do serviço estabelecidas pela prefeitura. Estudantes e idosos seguem com os cartões suspensos.
Moreninhas – No terminal do bairro na saída para São Paulo, a organização decidiu que nenhum passageiro entra pela guarita que tem catraca. Eles estão sendo direcionados diretamente para a entrada do ônibus pela porta da frente e passam o cartão dentro do veículo. Normalmente, a entrada é pela porta de trás.
Como toda operação complexa, teve gente que enfrentou problemas. A cuidadora Ana Cristina dos Santos, 45, disse que o ónibus demorou bastante no bairro onde mora. Segundo ela, o das 5h30 passou com todo mundo sentado, não parou.
“Daí tive que andar até o terminal Aero Rancho”, contou.
Para ela, voltar ao normal “de vez” seria melhor. Ela estava sem máscara e revelou não estar com medo do contágio.
Ana Cristina trabalha na Vila Albuquerque e voltou a pegar ônibus após duas semanas. Precisou ficar uma semana sem trabalhar e na outra dormiu no trabalho.
Empregada doméstica, Edileuza santos Ribeiro 54, se disse “perdida” nesta manhã. “Pego o ônibus da Moreninha sempre. Ele agora não passa aqui”, queixou-se.
Ela disse estar há um tempo já tentando informação, sem êxito. “Tá sendo uma maratona, tá horrível esse primeiro dia”, resumiu.
A garantia dada é que pra quem precisa pegar outro ônibus, a integração vai valer mesmo com a entrada pela porta da frente, para poder haver controle pelo motorista do número de passageiros.
Nesse ponto de transbordo, houve mudança em parte das linhas. A Iracy Coelho, por exemplo, está fazendo uma volta bem maior: sai do bairro, passa no terminal, vai ao Centro, e depois retorna.
O retorno ao normal não tem previsão e vai depender do comportamento da pandemia.