Ordem é não deixar população de rua entrar na Praça Ary Coelho
Medida vale desde janeiro, depois que pessoas migraram da região da antiga rodoviária para o Centro
Pessoas em situação de rua têm sido impedidas de usar a Praça Ary Coelho, no centro de Campo Grande, pela Guarda Civil Metropolitana, que faz "ações de contenção" para, se necessário, retirá-las do local. A ordem é confirmada pelos servidores que trabalham no local, mas na condição do anonimato.
Embora seja espaço público, pessoas em situação de rua não conseguem entrar nem durante o dia, quando os portões estão abertos. A justificativa é que essa população depreda a praça.
Servidor ouvido pelo Campo Grande News concorda com a medida. "É um parque livre, mas tem que limitá-los. A gente consegue pelo menos evitar arruaça", afirma.
A reportagem permaneceu por dois momentos na Praça Ary Coelho, ontem pela manhã e à tarde e voltou nesta quarta-feira (13) e não identificou nenhum frequentador que fosse pessoa em situação de rua.
Para ouvir relatos de possíveis "ações de contenção" também tentou falar com vendedores ambulantes tradicionais no espaço, que negaram entrevista por terem sido "proibidos de falar sobre o assunto”, alegam.
O Campo Grande News confirmou que a medida é intensificada desde janeiro, quando ações começaram a se intensificar para dispersar moradores em situação de rua da antiga rodoviária, no bairro Amambaí.
Com a Guarda Civil Metropolitana impedindo a permanência lá, essas pessoas migraram para outros espaços no Centro.
A Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social não negou a ordem. Em nota, não foi clara, mas informou que a ordem é trabalhar no local de forma preventiva.
“A Guarda Civil Metropolitana realiza rondas periódicas diuturnamente e mantém o patrulhamento preventivo nos espaços públicos e logradouros da cidade, bem como a organização frequente de operações de diversas naturezas em todas as regiões do município, as quais visam coibir atos ilícitos e a diminuição da violência”.
Hoje, Campo Grande não tem uma política específica sobre população em situação de rua. A condição para recuperar essas pessoas, a maioria usuários de drogas, passa pela internação. Mas a cidade conta com 30 vagas na rede municipal e 12 no Hospital Regional.
No UAIFA (Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias), antigo Cetremi (Centro de Triagem de Migrantes), que abriga a essas pessoas, a permanência é rotativa. Ninguém pode ficar mais que uma semana no local.