Pais vão à polícia e pedem expulsão de aluno após ameaça de atentado
Criança de 12 anos teria feito lista com nomes de colegas, funcionários e professores que seriam alvos
Um grupo de cerca de 20 pais quer a expulsão de um aluno do 7º ano da Escola Paulo Freire, da rede privada em Campo Grande, depois de, supostamente, o menino ter dito que mataria colegas, funcionários e professores. A ameaça de atentado fez algumas mães entrarem em desespero e o caso foi parar na polícia.
Parte dos pais está no colégio, reunido com a direção na manhã desta quinta-feira (11). Outros foram até a escola para buscar as crianças antes do término das aulas.
Uma mãe, que preferiu não conversar com a reportagem, chorava ao deixar a unidade do Paulo Freire de mãos dadas com a filha. “Ela está muito abalada com a notícia torta que chegou para a gente”, disse o marido, sem revelar o nome.
Outro grupo resolveu procurar diretamente a polícia. Seis pessoas foram nesta manhã até a Deaij (Delegacia Especializada na Infância e Juventude), no bairro Tiradentes, depois de deixarem os filhos na escola.
Os pais foram recebidos pela delegada Fernanda Félix e preferiram não dar detalhes sobre a denúncia, mas comentaram com a reportagem que resolveram ir até a delegacia porque "a escola não faz nada".
A ameaça - Na frente do colégio, uma mãe, que também prefere não revelar o nome, dá mais informações sobre o ocorrido.
Ela conta que nesta quarta-feira (10), o estudante de 11 anos teria avisado uma amiga para que ela não fosse à aula. A aluna, por sua vez, contou aos pais que o menino tinha revelado ter a intenção de matar alguns alunos, funcionários e professores do colégio e então, a notícia se espalhou.
O aluno também teria feito uma lista com os nomes dos alvos. “Eu não vi essa lista”, destaca, porém, a entrevistada de 38 anos, que tem filha de 8 matriculada na escola.
O estudante de 11 anos diz ser alvo de bullying por estar acima do peso, segundo a mãe. Nesta quinta-feira, por coincidência, parte dos alunos assiste a palestra sobre o tema.
Providência – Diante da repercussão, a diretora da escola, Adelina Maria Avesani Spengler, enviou áudio para tranquilizar os pais. O Campo Grande News teve acesso ao arquivo.
“Estamos juntos nesta situação. Quero tranquilizar cada uma de vocês, já que os filhos de vocês estão comigo há muitos anos. Eu vi essas crianças crescerem e jamais vou deixar acontecer alguma coisa com eles”, diz a diretora.
Adelina revela ainda que desde o 4º ano o estudante recebe acompanhamento. Os problemas de comportamento foram levados aos pais, além da recomendação de idas à terapia e consultas com psiquiatra e neurologista.
A diretora explica que “não pode expulsar uma criança assim”.
Nota oficial – Nesta manhã, em nota oficial, a escola se manifestou dizendo que também registrou boletim de ocorrência e tomou outras medidas.
O estudante foi suspenso. “Além do afastamento temporário do aluno, os pais já foram comunicados que ele será revistado todos os dias, de manhã e à tarde, para poder frequentar a escola”, diz a nota.
A diretora explica ainda que “o aluno não pode ser expulso da escola sem que se cumpram todos os passos exigidos pelo regimento escolar”.