Para atrair pediatras, Saúde precisa elevar salário em 5 vezes, diz sindicato
Para atrair pediatras à rede de saúde pública e acabar com o drama de mães que peregrinam pela cidade atrás de atendimento aos filhos, a Prefeitura de Campo Grande precisa elevar em quase cinco vezes o salário dos profissionais, além de melhorar as condições de trabalho. A dica é do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul.
Pela terceira vez consecutiva, administração municipal não conseguiu preencher as vagas e precisou prorrogar concurso para contratar 120 pediatras, 19 ginecologistas e 80 clínicos gerais. Como sempre, o maior obstáculo é encontrar profissionais para atender o público infantil.
“Criança não é igual adulto, criança não fala, é um atendimento diferenciado. É necessário fazer exames, ter condições mínimas de trabalho e remuneração adequada”, frisou o presidente do sindicato, Valdir Shigueiro Siroma.
Segundo ele, hoje, a prefeitura paga R$ 2.371,00 por jornada de 20 horas semanais. “Conforme a Federação Nacional dos Médicos, que coordena todos os sindicatos, o piso é de R$ 10.999,19 para 20 horas”, informou.
Ao mesmo tempo, a administração municipal desembolsa R$ 64,63 por hora trabalhada de plantão, enquanto a rede privada paga de R$ 80 a R$ 120.
“A medicina é o de maior durabilidade, são seis anos, mais dois a cinco anos de especialização, fora isso, tem a parte da atualização. Então, não tem outro caminho a não ser pagar melhor”, frisou Siroma.
Ele, porém, ressaltou que não basta só isso. “Reivindicamos melhores condições de trabalho na rede pública, hoje, o grande problema é falta de infraestrutura”, comentou. “Muitos profissionais deixam de atuar por não querer levar processo nas costas”, emendou, fazendo menção a problemas que ocorrem devido à falta de estrutura.
Secretário municipal de Saúde, Jamal Salém admite que o “salário não é atrativo”, mas inclui o déficit de pediatras como outra explicação para a baixa procura do concurso. “Pediatria é deficiência em todo o Estado”, afirmou.
Por outro lado, o presidente do sindicato afirmou que Mato Grosso do Sul não enfrenta tal problema. “O último dado estatístico aponta que a média nacional é de 1,8 mil médico para mil habitantes, no Estado temos quase 2 para cada mil”, rebateu Siroma.
Apesar das controvérsias, a secretaria e sindicato vêm trabalhando juntos para encontrar um caminho a fim de sanar o impasse. O secretário estuda uma diferenciação salarial para tornar a rede pública atrativa para os médicos e preencher o quadro.
Jamal afirmou que a prefeitura pode firmar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o MPE (Ministério Público Estadual) para elevar a remuneração e, ao mesmo tempo, evitar problemas com o TCE (Tribunal de Contas do Estado). Ele também sinaliza atender o pleito da categoria e aprovar plano de cargo e carreira.