Para CDL, obra em hotel é cara demais para "jogar famílias" no Centro
Pelos números da prefeitura, custo seria de R$ 324,7 mil por apartamento e nos da CDL o valor subiria para R$ 461,5 mil
A CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande) tem cálculos divergentes em relação ao projeto da prefeitura para transformar o antigo Hotel Campo Grande em 117 imóveis populares. A entidade diz que "vê com grande preocupação a notícia" e a principal questão é o custo para tornar local habitável, que seria 42% maior que o divulgado pela prefeitura.
Apesar da prefeitura ainda não ter detalhado como será o processo, na avaliação da CDL não houve planejamento para a instalação das famílias no local. "A entidade reforça que sempre defendeu o retorno dos moradores ao centro, porém é preciso que seja feito com planejamento, garantindo bem-estar e qualidade de vida e não simplesmente jogando famílias em um lugar sem qualquer infraestrutura para uma habitação saudável e digna".
Segundo a entidade, o investimento necessário é alto demais para tornar local habitável. Nas contas da prefeitura são necessários R$ 13 milhões para compra e outros R$ 25 milhões para obras, o que representaria R$ 213 mil para cada uma das 117 unidades unidade, apenas com reforma.
Já nos cálculos da CDL, só para a reforma ficaria em torno de R$ 29 milhões, "já o valor de compra do imóvel é de R$ 25 milhões, dando total de 54 milhões". Dividindo isso pelo número de apartamentos, os 117 divulgados pela prefeitura, daria o valor de R$ 247 mil por uma unidade de quarto e banheiro.
A CDL faz ainda a comparação com casas populares. "Ainda, pelas informações obtidas, uma moradia popular, com infraestrutura básica de sala, dois quartos, banheiro e cozinha custa em torno de R$ 45 mil, apenas 18% do valor necessário para jogar famílias inteiras confinadas num dos quartos do antigo hotel", critica a entidade.
Levando em conta o valor total, somando compra e reforma, o valor previsto pela CDL por unidade seria ainda muito maior que o divulgado no projeto da prefeitura para uso do Hotel Campo Grande. Pelos números do Município, o custo seria de R$ 324,7 mil por apartamento e nos da CDL o valor subiria para R$ 461,5 mil por unidade.
Antes de fechar negócio, a CDL diz que espera um debate amplo, convocado pela prefeitura de Campo Grande "Ouvindo a população, empresários, entidades e instituições, para que a decisão seja tomada pelo bem das pessoas, sem populismo, ou intenções especulativas".
Prefeito - O Prefeito Marquinhos Trad reforçou na manhã de hoje que vai "levar o projeto até as últimas consequências". Segundo ele, o valor proposto aos proprietários é o justo, porque "Está abandonado há mais de 20 anos. Dificilmente a iniciativa privada vai querer comprar aquilo. Ninguém vai investir ali, para não ter retorno."
Marquinhos diz que ficou perplexo ao ler comentários nos sites dizendo que vai levar pobres para morar no centro. "O projeto é específico, serve para pessoas de 1 a 3 salários mínimos. São pessoas que merecem viver no centro da cidade sim. Pessoas que nunca tiveram oportunidade de ganhar mais, ao contrário de quem comenta na internet. Aquilo não vai virar pompal como disseram, ou um varal com roupa esticada. Ali vai ser moradia de seres humanos dignos", afirmou.