Para prefeito, decisão sobre greve é pessoal e antidemocrática
Categoria para as atividades nesta segunda por desacordo quanto a reajuste salarial
A greve dos médicos da rede pública de Campo Grande, que deve ter início nesta segunda-feira (dia 26), foi considerada pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) como resultante de “decisão muito pessoal” e contrária a princípios da democracia. Ele também afirmou que a categoria não deveria “afrontar” a Justiça.
O prefeito se referia, embora sem citar o nome, ao presidente do Sinmed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Flávio Freitas Barbosa. No sábado, depois de três horas de reunião na prefeitura sem chegar a acordo, Barbosa foi enfático: "A greve está 100% garantida”.
Ainda no sábado, em comunicado à categoria, o presidente do Sinmed disse que “só não haverá greve na segunda-feira, se o mundo acabar no domingo à noite”.
Os médicos, sem aumento há três anos e meio, reivindicam reajuste de 27,5%. De acordo com a categoria, a variação corresponde à correção da inflação acumulada no período. No detalhamento dessa proposta, a categoria considerou a inflação de 22,94% de 1º de maio de 2014 a 29 de fevereiro deste ano, mais a inflação prevista para 2017, que é 4,15%.
Prefeito – “Foi uma decisão muito pessoal. Eu não agiria desta maneira, pois estamos em um estado democrático de direito. Deveriam ter entrado com recurso para desconstituir a decisão do magistrado e jamais afrontá-lo”, comentou o prefeito ao ser questionado sobre o assunto durante agenda no Bairro Estrela do Sul.
Trad afirmou, ainda, que tentou negociar com os médicos, mas eles estariam "irredutíveis”. Também disse que o município não tem condições de considerar o acumulado no cálculo do reajuste. “Tentei negociar, mas eles estão irredutíveis. Querem que a gente pague o reajuste de três anos e seis meses. Não tem como conceder. Se fizermos isso, o município não consegue pagar o salário deles”, alegou.
O prefeito afirmou, ainda, que os médicos estão entre as categorias mais bem pagas de Campo Grande. “Nós oferecemos a reposição salarial deste ano, que seria de 6%, mas eles querem 27% do acumulado. Não tem como. Eles precisam ter bom senso”, finalizou
Justiça – A decisão judicial, que barrou a greve, foi comunicada na noite desta sexta-feira (23). Uma das ilegalidades apontadas pela PGM (Procuradoria Geral do Município) foi de que não foram esgotadas todas as negociações entre médicos e a prefeitura. Além disso, os salários dos profissionais estão em dia.
Caso a decisão não seja cumprida, ficou estipulada multa diária de R$ 10 mil, que terão de sair do patrimônio pessoal do presidente do Sinmed e não dos cofres do sindicato.