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Capital

Parceria entre Prefeitura e empresas tenta recuperar paisagismo que é patrimônio

Problema é que os parceiros podem estar gastando com mudas erradas

Idaicy Solano | 28/08/2023 15:17
Árvore proprociona sombra para pessoas que transitam pelo centro (Foto: Marcos Maluf)
Árvore proprociona sombra para pessoas que transitam pelo centro (Foto: Marcos Maluf)

Nos últimos meses, o canteiro central da Avenida Afonso Pena, que mais parecia um 'tapete verde', foi se transformando em terra pura. Para tentar recuperar o local que é reconhecido e tombado como patrimônio histórico da Capital, empresas fizeram parceria com a Prefeitura.

A revitalização ocorre em partes dos canteiros que foram depredadas pela própria população. Pedestres que não respeitaram os locais corretos de acesso para os lados opostos da via e pisaram na grama e nas plantas.

Tentando evitar a continuidade do problema, foram colocadas estacas de madeira e fitas de isolamento para proteger as novas mudas. Um dos trechos é o do cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho. O local deve permanecer indicando a proibição da passagem de pessoas até que as mudas se desenvolvam.

As árvores e canteiros da Afonso Pena, com a Rua 14 de Julho, foram cercados com estacas de madeira e fitas de isolamento (Foto: Marcos Maluf)
As árvores e canteiros da Afonso Pena, com a Rua 14 de Julho, foram cercados com estacas de madeira e fitas de isolamento (Foto: Marcos Maluf)

Segundo o arquiteto paisagista Nestor Neto, a grama esmeralda, plantada nos canteiros da Avenida Afonso Pena, é utilizada em pelo menos 95% dos projetos de paisagismo no Estado.

Ele explica que as "falhas" e a aparência seca são consequências da falta de irrigação, alta incidência de sombra e o pisoteio de pedestres que cortam caminho pelos canteiros.

A solução, de acordo com o arquiteto paisagista, é o investimento na implantação de irrigadores automáticos, que devem ser programados para molharem os canteiros três vezes ao dia. “Ele vai molhar de acordo com um timer e tem sensor de chuva também, se chover, ele não liga a irrigação. Esses canteiros todos aqui precisam de água pelo menos duas vezes por dia”.

Grama está com aspecto seco, esbranquiçado e apresenta "falhas" em alguns trechos (Foto: Marcos Maluf)
Grama está com aspecto seco, esbranquiçado e apresenta "falhas" em alguns trechos (Foto: Marcos Maluf)

O profissional reconhece que a Prefeitura de Campo Grande faz grandes investimentos na arborização e paisagismo da Capital, mas observa que existe falta de conhecimento do solo e da vegetação de Mato Grosso do Sul na hora de elaborar os projetos. "As empresas que ganham a licitação não têm conhecimento sobre o nosso Estado para conseguir aplicar o paisagismo".

O profissional explica que o Estado possui um declive de 28 graus, que faz com que a inclinação do sol modifique no inverno e no verão, ou seja, uma planta que vinga nas estações mais frias não vinga na estações mais quentes, e vice-versa. "Mato Grosso do Sul é um estado ótimo para lavoura, mas para planta ornamental não é a mesma coisa. Planta ornamental vem da Mata Atlântica, que não existe no nosso estado”, explica.

Da família de dracenas, planta com coloração roxa foi plantada em local onde não recebe luz; diversas folhas estão secas (Foto: Marcos Maluf)
Da família de dracenas, planta com coloração roxa foi plantada em local onde não recebe luz; diversas folhas estão secas (Foto: Marcos Maluf)
No fundo da imagem, as árvores de porte menor crescem inclinadas; especialista explica que esse isso acontece porque a planta busca a luz do sol (Foto: Marcos Maluf)
No fundo da imagem, as árvores de porte menor crescem inclinadas; especialista explica que esse isso acontece porque a planta busca a luz do sol (Foto: Marcos Maluf)

Neto explica que as árvores da família de dracenas estão crescendo inclinadas porque estão à procura da luz do sol. No canteiro podem ser encontradas dracenas tricolor e cordeline, ambas variegatas. “A própria folha variegata já diz ‘sou de sol’, e ela está plantada na sombra. Ela está sobrevivendo e não está vivendo".

O mesmo acontece com as palmeiras de grande porte encontradas plantadas próximas às árvores centenárias da Avenida Afonso Pena, entre as ruas 14 de Julho e Calógeras. "Se ela chegar a crescer, o que provavelmente não vai conseguir, ou ela vai entortar ou ela vai encostar nas árvores".

Eu acredito que a prefeitura investiu pensando em um resultado. Falta responsabilidade de quem ganha a licitação de exigir certas coisas para que esse paisagismo tenha um futuro. [As plantas] estão morrendo, e as outras partes da Afonso Pena estão todas na mesma situação”, observa o arquiteto paisagista Nestor Neto.

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Questionada sobre as observações feitas pelo entrevistado, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) informa que o paisagismo que está sendo realizado neste momento no canteiro central da Avenida Afonso Pena, é executado por empresas parceiras da Prefeitura, não havendo nenhum custo para a gestão municipal.

A manicure Vera Alice Carlos, 35 anos, costuma passar pelo Centro rotineiramente e observa que a arborização é essencial, pois protege das altas temperaturas que a cidade tem registrado. "Aqui é muito quente. A gente que vem de São Paulo estranha. Então tem que ter bastante árvore aqui mesmo".

O vigilante de carro-forte Paulo César Amorim, 56 anos, mora em Florianópolis e veio para a capital de Mato Grosso do Sul visitar a família. Enquanto andava pelo centro de Campo Grande, parou para se "refrescar um pouco" na sombra da árvore.

Amorim elogia a cidade pela grande quantidade árvores e sombra fresca. Quanto às plantas, declara que "melhor grama do que terra, ou outro tipo de planta".

O givilante Paulo César Amorim aproveitou a sombra para descansar durante visita ao centro de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)
O givilante Paulo César Amorim aproveitou a sombra para descansar durante visita ao centro de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

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