PM interveio em confusão que terminou em morte para ajudar amigo, diz acusação
A promotoria aponta que o policial militar Bonifácio dos Santos Junior, 36 anos, tentava ajudar um amigo quando interveio na briga generalizada que terminou com a morte do técnico de enfermagem Ike César Gonçalves, em 2012. A versão, apresentada durante o julgamento do caso, nesta sexta-feira (15), difere do relato do acusado perante o juiz.
O réu garante que atirou para cima no intuito de dispersar a multidão envolvida na briga e que não teve a intenção de acertar a vítima.
Conforme o promotor Humberto Ferri, esse colega de Bonifácio teria mexido com a namorada do técnico de enfermagem, desencadeado uma discussão. O policial, lotado na antiga Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crimes e Operações Especiais), fugiu após o crime com a ajuda de Osni Ribeiro Lima, 39 anos, que também está sendo julgado por favorecimento pessoal.
Os dois também são amigos. Inicialmente, Osni estava sendo apontado como coautor, mas a acusação entendeu que ele não teve relação direta com o ocorrido e apenas colaborou para retirar o réu do local. Com a mudança, está sujeito a uma pena menor, de um a seis meses de cadeia e multa.
Já Bonifácio foi a júri por homicídio doloso qualificado por motivo torpe por perigo comum e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. A pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão. Também é responsabilizado por tentativa de homicídio, tendo em vista que um amigo de Ike foi baleado de raspão na perna.
O tribunal entrou em recesso para o almoço e a audiência deve prosseguir durante a tarde, com a oitiva de testemunhas.
Um policial que presenciou os fatos já prestou depoimento. Ele disse não ter visto a confusão, apenas escutou o barulho dos disparos. Em meio ao tumulto, viu a dupla de acusados fugindo. “percebi, pelo jeito e postura da pessoa, que se tratava de um policial e como não sabia das circunstâncias do crime, apenas anotei o número da placa do veículo em que eles estavam para depois identificá-los", relatou.
Bonifácio diz ter chegado à boate por volta da meia noite, ficado no local por mais ou menos duas horas e meia e se deparado com a confusão ao deixar o estabelecimento. Ferri afirmou que o policial mentiu que estava participando de uma investigação por tráfico de drogas para adentrar na casa de shows.