Polícia Civil alerta para anúncios que aparentam ser "vantajosos demais"
Na terça-feira (29), duas pessoas entraram em contato com o Campo Grande News após cairem em golpes similares
O Campo Grande News recebeu relatos de duas vítimas que caíram em golpes de estelionato nesta semana por compras em redes sociais. Elas relataram que fizeram o pagamento e não receberam o produto. De acordo com a Polícia Civil, o estelionato é o "crime do momento" e o número de casos aumentou exponencialmente nas últimas décadas.
As situações descritas pelas vítimas entrevistadas pela reportagem mostram que o modus operandi dos estelionatários que utilizam a plataforma para aplicar os golpes é a mesma: utilizam foto de perfil que passa credibilidade e "aceleram" a vítima a enviar o pagamento sem ter o produto em mãos.
Nesta terça-feira (29), se passando por policial militar, um golpista estava vendendo móveis e eletrodomésticos no marketplace do Facebook. O golpista anuncia fogão, geladeira, micro-ondas, cama e sofá. Nos áudios enviados para a dona de casa, 36 anos, ele afirma que está realizando a venda "às pressas" porque foi transferido para outra cidade.
Durante a negociação das vendas, o suposto policial afirma que não conseguiria aguardar a vítima chegar até a residência para verificar os produtos. "Estou de serviço hoje. Saio daqui meia hora de casa, se você quiser vir, me fala um horário que eu aviso a minha esposa para ficar esperando", pontua o golpista.
A dona de casa então responde que irá até o local naquele momento para verificar os produtos e então o golpista responde que tem o contato de um frete e pede para que ela entre em contato. "Ele vai vir buscar uma cama que vendi para uma senhora, combina com ele", comenta o suposto policial. A vítima então entra em contato com o número indicado para contratar o serviço de frete, no valor de R$ 60.
O fretista que aceita realizar o serviço fala que já está na residência retirando os produtos e para liberarem a saída dele é preciso que a vítima faça então os pagamentos daquilo que foi comprado. Após realizar os pagamentos, tanto o golpista como o fretista bloqueiam a dona de casa. A vítima perdeu ao todo R$ 1.360, que pagaria um fogão, geladeira, micro-ondas e o frete.
Ao visitar o endereço indicado pelo golpista para tentar recuperar o valor pago, na Vila Taveirópolis, região oeste de Campo Grande, a dona de casa foi informada por moradores que ela não é a primeira pessoa a cair no golpe, e que mensalmente alguém aparece no mesmo endereço tentando buscar os eletrodomésticos.
De acordo com o delegado Camilo Kettenhuber, titular da 6° DP de Campo Grande, os criminosos são criativos para conseguir efetuar o golpe. "Eles colocam como foto de perfil fotos de policiais ou família justamente para passar credibilidade. Ninguém vai colocar a foto de um 'mano' ou numa balada. É preciso desconfiar quando as coisas parecem muito fáceis ou vantajosas", pontua o delegado.
Ainda na terça-feira (29), um estudante, de 21 anos, tentou comprar um Playstation 5, também pelo marketplace, quando sofreu o golpe. No caso do estudante, a pressa em comprar o aparelho era dele, que levaria para uma viagem ainda esta semana. "O rapaz conversou normalmente comigo, até falou que eu poderia retirar o aparelho na suposta 'loja'", conta a vítima.
Durante a conversa, ele relata que está com pressa pois viajaria na quarta-feira (30). "Você entrega ou eu retiro?", questiona a vítima. O golpista responde "Hoje não tenho mais horário para retirada, você não consegue vir amanhã?". A vítima então responde que não consegue retirar no dia seguinte, e passa os dados para receber o produto em casa.
O golpista ainda afirma que emitiria a nota no nome da vítima e pede o comprovante do Pix para liberar a entrega do produto. Às 19h14, o golpista afirma que o entregador está a caminho em uma moto vermelha e para de responder. A vítima perdeu ao todo R$ 2.200.
Segundo o delegado, a orientação é evitar comprar por sites e realizar a compra por aplicativo de lojas confiáveis. "Pelo site, é perigoso ainda que o cartão seja clonado. Por isso, é bom evitar", pontuou Kettenhuber. Ele ainda orienta que caso a pessoa compre pelo marketplace ou sites como a OLX pague somente quando o produto estiver em mãos.
Procure o vendedor, marque o encontro. Receba o produto, e quando estiver com o produto em mãos, faça o pagamento. Não aceite dar entrada ou pagar antes de receber o produto e exija a nota fiscal para verificar que o produto não tenha origem ilícita", finalizou o delegado.
Para tentar alertar a população, o delegado relata que tem criado cartilhas virtuais e publicado nas redes sociais da 6° Delegacia de Polícia.
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