Polícia encontra sangue em casa usada pelo PCC para execução
Mais um acusado de envolvimento no crime foi preso nesta manhã numa residência onde a vítima ficou por 12 horas sendo torturada
Foi encontrado nesta manhã (21) vestígios de sangue humano numa casa na Rua Plínio Bitencourt, no Jardim Botânico, usada como cativeiro durante "julgamento" de Tiago da Silva de Jesus, 17 anos, encontrado morto enrolado num cobertor no dia 8 de janeiro, na Rua Onze Horas, no Jardim das Hortênsias, em Campo Grande.
Um rapaz conhecido como Simpson, 21 anos, confessou participação no crime e foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos. Com ele, já são cinco detidos por envolvimento no julgamento e execução. O dono da casa, que está preso desde ontem (20), foi identificado como Durval Nogueira Bezerra, 51 anos.
Conforme o delegado Ricardo Meirelles, responsável pela investigação, a vítima veio de Mato Grosso há pouco tempo e era usuária de maconha. Um certo dia, usando droga com um dos suspeitos acabou falando que era do CV (Comando Vermelho). O rapaz, então, que fazia parte da facção rival, o PCC (Primeiro Comando da Capital) armou uma emboscada, levando o adolescente até o cativeiro. Lá, Tiago foi amarrado, interrogado, torturado por 12 horas, julgado e condenado à morte. A ordem da execução saiu de um dos presídios da cidade.
Ainda amarrado, o adolescente foi colocado no porta-malas de um carro e levado para outro imóvel na região do Jardim Aero Rancho, onde foi morto degolado. Na sequência, o garoto foi enrolado em cobertores e desovado atrás de um carro velho, na calçada do muro da Escola Municipal Irene Szukala.
O adolescente teve a morte divulgada no próprio Facebook, horas depois que o corpo foi achado. "Enquanto era torturado, acredito, o adolescente passou a senha dele a mando do grupo. Os criminosos postaram a notícia da morte da vítima como forma de alerta para outros simpatizantes da facção", disse o delegado.
Uma vizinha da casa usada como cativeiro contou que já escutou gritos vindos do imóvel, mas nunca quis se meter por medo. Ela disse que no local moram cinco pessoas: uma mulher, os dois irmãos (um deles Durval) e as duas filhas dela. A polícia fará coletiva de imprensa nesta tarde para divulgar mais detalhes sobre o caso. A prisão do suspeitos foi feita pelo SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil.